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domingo, 2 de junho de 2013

“Cada criança tem seu tempo”

Por: Simaia Sampaio.


   
       Quem acredita na frase “Cada criança tem seu tempo” e nada faz, pode estar contribuindo para um possível futuro fracasso escolar. Algumas crianças desde a pré-escola já demonstram alguns comprometimentos que podem dificultar a alfabetização e os anos escolares. Melhor que acreditar nisto é encaminhar a criança para uma avaliação, que se houver atraso na linguagem ou trocas deverá ser um fonoaudiólogo que desde cedo já poderá trabalhar de maneira preventiva para uma boa alfabetização. Se for uma imaturidade acentuada jogos lúdicos poderão ser realizados por psicopedagogo, com estimulação dos pais em casa e a depender da gravidade por Terapeuta Ocupacional.


  Professores devem deixar de julgar pelas aparências (tem tudo no lugar: dedinhos, orelhas, boca, olhos, tudo perfeitinho), e perceber que existe um cérebro por trás desta aparência, funcionando cada um de maneira muito particular, mas já podendo demonstrar sinais de atraso maturacional suficientes para sugerir uma avaliação, principalmente naqueles com sofrimento fetal, pré-maturos, ou pouco estimulados, por isto a importância de uma boa anamnese na pré-escola.

     Que vão aprender a ler, é bem possível, afinal, estão em um ambiente letrado. O detalhe é como e quando isto vai acontecer, muitas vezes com bastante atraso, o que acaba gerando na criança uma sensação de frustração imensa, o que pode contribuir para entrar na vida desta criança mais um profissional, o psicólogo, que não necessariamente precisaria estar presente se tudo fosse cuidado de forma preventiva.

     Quero chamar atenção para um detalhe: não estou falando em ensinar a criança a ler antes dos seis anos, estou falando em estimulação cognitiva como auxílio na maturação de crianças com evidentes atrasos na fala, na percepção, orientação, que são elementos que irão garantir uma boa alfabetização.

     As crianças, cujas famílias possuem poucos recursos, e não possuem condições de buscar ajuda profissional, também poderão ser beneficiadas com um trabalho bem desenvolvido pelos próprios professores, principalmente nas aulas de educação física, pois a psicomotricidade é importantíssima para este processo, mas é uma pena que este profissional ainda seja tão pouco valorizado dentro da escola e muitas vezes não reconhece a importância do seu próprio papel como elemento contribuinte para esta estimulação. Salas de jogos também poderiam ser adotadas no ambiente escolar, não precisariam ser jogos caros, poderiam ser feitas campanhas de arrecadação, tenho certeza que a escola que se propor a este serviço estará ganhando muito, pois estará contribuindo com um trabalho tanto preventivo e porque não, quem sabe, remediativo e todas as crianças serão beneficiadas, não somente as de inclusão. Estas ações poderão estar presentes em todas as escolas públicas e particulares.

     A escola é ambiente de aprendizagem, e aprendizagem exige estimulação, portanto estimulação gera aprendizagem, principalmente se acontecer no lúdico, utilizando-se de associações mentais, fazendo sentido, pois estará estimulando uma área no cérebro responsável por nossas emoções, sistema límbico, e a aprendizagem será facilitada. Conteúdos puros, sem sentido, não garantem boa aprendizagem.

Alfabetizar não é garantir apenas uma decodificação, mas sim compreender o que está lendo, e para tanto são exigidas áreas do cérebro responsáveis pela atenção, organização, planejamento, para que, além de compreender, a informação seja retida na memória. É possível que seu aluno não tenha problema de memória e nem de atenção, ele talvez simplesmente não tenha estratégias de estudo, em como ler melhor. Atenção também é algo que se aprende que se desenvolve e pode ser ensinado. Se ele estiver motivado com a sua aula, terá motivação para as demais aprendizagens. Se sua aula for prazerosa, você conseguirá motivá-lo para buscar novas aprendizagens. Lembre-se do que uma boa propaganda faz conosco, nos motiva a buscar a informação, é isso que deve ser feito, transformar sua aula em algo muito gostoso, prazeroso, que fique com gosto de quero mais.

     Portanto, use a criatividade, em qualquer série escolar, foque naquele aluno que não está rendendo bem, procure observá-lo. Como ele aprende melhor? Qual sua modalidade de aprendizagem? Ao que ele responde melhor: visual, auditivo, cinestésico? Cada criança aprende de uma maneira diferente, percorre caminhos diferentes no cérebro para entender o que você está falando. Você deve perceber se ele não entendeu, e traçar novamente este caminho de maneira mais devagar ou criar um caminho diferente, estimulando todas as vias sensoriais. Cada criança pode ter seu tempo, mas você poderá ajudar compreendendo este tempo e entendendo que sua resposta pode ser mais demorada que de outras crianças, auxiliando-o sempre. Mas é importante perceber, que algumas crianças irão precisar de ajuda extra e quanto mais cedo você perceber, quanto mais cedo você encaminhar, melhor será a qualidade acadêmica e de vida desta criança. 

Simaia Sampaio - Psicopedagoga e especialista em Neuropsicologia da Aprendizagem. Autora. Palestrante. Ministrante de cursos. www.psicopedagogiabrasil.com.br. psicosimaia@ig.com.br

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