"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo." Confúcio

Seja bem vindo(a),

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal é dia de papai-noel? Ho-ho-ho-ho, Feliz Natal.

É assim que todos nós fomos apresentados ao natal, num momento da vida em que nem ao menos sabiamos do que se tratava tal evento. Nem mesmo sabíamos qual era o dia do nosso aniversário, ou melhor, nem mesmo sabíamos que dia era aquele em que estávamos vivendo, se haveria dia seguinte, e se ontem existiu. Simplesmente não sabíamos de nada.

O natal que conhecemos foi construido, formatado em nossa mente, segundo a cultura e as necessidades vigentes no período em que ainda não sabíamos nem mesmo que eramos gente, que éramos humanos.

Pois bem, para a maioria de nós, o natal é o dia dos presentes, o dia da festa, o dia da comilança e da bebelança. E festejamos com todas as nossas forças, e muitas vezes com todo o nosso dinheiro, a chegada do Papai-Noel, como se realmente ele trouxesse nos presentes a solução mágica para todos os nossos problemas, seja qual for.

Antes mesmo de sermos educados para o encontro com o Papai-Noel, deveríamos ser educados para o encontro com o real motivo do natal: o nascimento. Tudo bem, vamos pensar que você nem é cristão (o natal existe por causa de Jesus, para lembrar e festejar o seu nascimento, lembra?), ainda assim você poderá festejar o nascimento, na verdade, o re-nascimento diário. Claro, acredito que o natal deve ser festejado todo dia.

Agora, quanto ao Papai-Noel, realmente acredito que uma vez ao ano já está bom. Assim, podemos até aceitar que dia 25 de dezembro seja o dia do Papai-Noel (já que estudos mostram que Jesus nasceu em março). Então, festejemos o Papai-Noel, sem problemas. Ele sim, é o representante material das festas, como também é o coelhinho da páscoa, o rei momo e tantos outros ícones chamados de pagãos.

Noël é natal em francês, é uma figura lendária que, em muitas culturas ocidentais, traz presentinhos aos lares de crianças bem-comportadas na noite da Véspera do Natal. A lenda provavelmente foi baseada em parte em contos sobre a figura histórica de São Nicolau. Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia. O Dia de São Basílio, 1.º de janeiro, é considerado a época de troca de presentes na Grécia.

Vejamos que o dia do natal é realmente o dia da troca de presentes, ou seja o dia de Noël, que é o que na verdade a grande maioria de nós festeja todo dia 25 de dezembro, sejamos adultos, crianças ou idosos.

Mas natal também significa nascimento em latim, na verdade NATALIS, que tem o sentido de “ser posto no mundo”. Se em Noel encontramos o natal comercial, materialista e capitalista, onde encontramos o natal religioso, existencialista, espiritualista? Agora entra em cena a figura de Jesus.

Jesus foi escolhido para ser o representante oficial do natal, no sentido do nascimento, e este natal não precisa de data para acontecer, porque ele pode acontecer o ano inteiro, o tempo todo, porque se Noel reina no bolso das pessoas, e nos cofres do mercado, Jesus, também designado o Cristo, reina no coração e na alma dos homens.

O que desejo, leitor, não é que você desista das festas do dia 25 de dezembro, que acaba realmente, pelo menos por um dia quem sabe, trazendo o aura de uma vida mais feliz, mais alegre, mais plena, mais saudável, mais leve, mais saborosa a todos nós. Pelo contrário, desejo que você festeje muito, abrace muito, beijo muito, se divirta muito, confraternize, encontre e re-encontre as pessoas queridas, que perdoe e seja perdoado, que ame e seja amado. Que Noel lhe traga presentes e satisfações.

Mas também desejo que você possa fazer todo dia uma outra festa, não a festa de Noel, mas a festa do Natal, que você nasça e re-nasça todos os dias, que vivifique, contemple e celebre diaraiamente, consigo mesmo(a), com os outros e com a vida. Que diariamente você lembre da figura cristã do Natal, o bom homem Jesus, que deixou de presente algo que pode abrir todas as portas do mundo, e solucionar a maioria dos problemas humanos, numa única frase: amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo. A simplicidade da instrução deixada não retrata a complexidade dessa prática, que deve ser diária.

Então, meus amigos e amigas, desejo pelo dia 25 um Feliz Noel, e para todos os dias um FELIZ NATAL.

Paz e luz.
Mensagem do blog do Psicólogo Roberte Metring http://blog.psicologoroberte.com.br/

quarta-feira, 1 de junho de 2011

'Fracasso escolar é o fracasso do sistema educacional', diz especialista
Pesquisa aponta que só 25% saem da escola sabendo ler e escrever.
Psicopedagoga Nadia Bossa participa de grupo de atendimento no HC.

Paulo Guilherme
Do G1, em São Paulo


A psicopedagoga Nadia Aparecida Bossa fez
estudos com estudantes da rede pública de São
Paulo (Foto: Divulgação)‘Doutora, meu filho vai à escola todo dia, mas ele não consegue aprender nada!’ Ouvir queixas como essa faz parte da rotina do grupo de pesquisa de neuropsicologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo onde trabalha a psicopedagoga Nadia Aparecida Bossa. Ela recebe diariamente crianças e adolescentes encaminhados por escolas da rede pública com dificuldades de aprendizagem. Famílias de baixa renda levam os estudantes que não conseguem ler, escrever ou fazer as quatro operações matemáticas para que os especialistas consigam descobrir o que está atrapalhando o desenvolvimento cognitivo do aluno. “A demanda é muito grande”, diz a especialista.

A dificuldade em aprendizagem muitas vezes vai além dos problemas da criança. O fracasso escolar, na avaliação da doutora Nadia, é o fracasso do próprio sistema de ensino. Com mestrado em psicologia da Educação pela PUC de São Paulo e doutorado em psicologia e educação pela USP, a psicopedagoga coordenou uma pesquisa feita durante cinco anos nas escolas públicas de São Paulo. O grupo de pesquisadores buscava saber as causas da dificuldade de aprendizado escolar para estabelecer prioridades de mudanças na política educacional. O estudo revelou que de cada quatro alunos que concluem o ensino fundamental, três saem do ensino fundamental sem saber ler, escrever e fazer as quatro operações matemáticas (adição, subtração, divisão e multiplicação).

Escola deve formar estudante para o amor e a beleza, diz sociólogo italianoAula em 3D e laboratório virtual levam tecnologia para a escolaEspecialista americano defende uso de celulares e tablets em sala de aulaDiscurso de professora vira hit na web e ganha apoio de secretária do RNNadia Bossa vai apresentar na 18ª Educar, o congresso internacional de educação, aberto nesta quarta-feira (18), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, alguns resultados de sua pesquisa em uma palestra sobre o fracasso escolar.

Em entrevista ao G1, ela diz que os problemas de aprendizagem revelam uma “infecção” no sistema educacional que, como tal, precisa ser tratado.

O que a neurociência nos ensina sobre o aprendizado?
O ensino fundamental acontece numa fase da vida da criança que biologicamente temos todas as possibilidades de aprendizado. Uma vez superada esta idade tudo o que se construir não terá o efeito na constituição cerebral. Estamos perdendo o melhor momento do desenvolvimento da criança, que é dos 4 aos 14 anos. Se isso não acontece na idade adequada, estamos limitando a inteligência do povo. Se não usarmos os nossos neurônios nas atividades requeridas pelas atividades acadêmicas estas ligações não vão acontecer, e na vida adulta vamos ter de conviver com uma população com capacidade de raciocínio limitada.



Estudantes em sala de aula (Foto: TV Globo
/Reprodução)

Como qualificar um fracasso escolar?
A autonomia intelectual que a escola deveria garantir ao aluno não existe. A gente observa que os alunos concluem ensino fundamental e médio sem condições de fazer a leitura de um texto simples. Eles não compreendem as quatro operações fundamentais de forma que elas possam ser utilizadas na vida cotidiana. O que a gente aprende na escola nada mais é que a vida escrita em uma outra linguagem. Não saber interpretar este esquema de representação desvincula a escola da vida. O que se aplica na escola não se aplica na vida, o que se aprende na vida não serve para interpretar na escola. Está aí o grande fracasso. E isso piora a cada ano. Quando se eliminou a questão da reprovação, os alunos e professores não tinham mais instrumento numérico para avaliar a questão da aprendizagem, a coisa foi se agravando. Tirou-se a reprovação e não se colocou outro instrumento. Quem concluiu o ensino fundamental em grande parte sai da escola sem sequer saber ler e operar de verdade as quatro operações fundamentais. Então podemos dizer que o fracasso escolar é o fracasso do sistema educacional. É um sintoma que revela que a educação brasileira vai de mal a pior.

E de quem é a culpa pelo fracasso? Do aluno, da escola ou dos pais?
Em vez de fracasso, prefiro dizer que a responsabilidade pelo sucesso de uma criança na escola é dos nossos governantes e das famílias naquilo que teriam como direito de exigir dos governantes.

Quais as principais causas para o fracasso de um aluno na escola?
Um grande número de alunos que estão concluindo o ensino fundamental sem condições de ler e escrever e operar as quatro operações tiveram interferência por variáveis que vão desde a qualidade do ensino, e esta questão é a primordial, aliado à desestrutura familiar, muito mais decorrente de fatores socioeconômicos e, em uma escala menor, de problemas de saúde física, emocional. Problema emocional, cognitivo e pedagógico tudo misturado. Para um aluno ter um desempenho razoável na escola são necessários desde a alimentação saudável até ter a condição emocional e cultural para levar a escola com a devida seriedade. Temos crianças mal alimentadas, famílias desestruturadas, um tremendo equívoco da função da escola pela população. Muitas vezes nem mesmo os professores sabem qual é o objetivo e o porquê de ter determinados conhecimentos. Família e estudantes também não sabem para que serve todo aquele conteúdo. A pessoa se pergunta: “Por que preciso saber história, geografia, equação?”. São tantos outros apelos na vida, existem tantas outras coisas interessando as crianças e adolescentes, que fica difícil para escola e o conhecimento tomar um lugar de destaque na mente do jovem.

A parceria entre escolas e família é fundamental. Mas como uma escola pode ser parceira de todas as famílias de centenas de alunos?
A escola deveria se aproximar mais das famílias. É preciso que alguém ensine porque os pais precisam respeitar o professor, dar a devida importância para as tarefas escolares, ensinar os filhos a terem cuidado com o patrimônio das escolas, e sobre a importância dos livros. Se os pais não sabem, eles não vão saber por que fazer e como fazer. Muitas vezes o professor diz para os pais que o filho está tendo problemas de aprendizagem. Mas os pais não sabem o que fazer. Um responsabiliza o outro. Além disso, as políticas educacionais vêm de cima para baixo sem uma base segura. Quem ocupa os cargos mais importantes politicamente na educação nunca é um educador, mas um advogado ou economista, que certamente não tem a sensibilidade, percepção e visão de um educador.



Pesquisa mostrou que estudantes saem da escola
sem saber ler e escrever (Foto: TV Globo/
Reprodução)

E o professor, o que pode fazer?
Percebemos que muito professor não tem o devido conhecimento na área à qual ele é formado e devia ser especialista. E, para piorar, tem a questão da inclusão. Eles têm dentro de sua sala de aula os alunos de inclusão portadores de algum tipo de transtorno, que têm direito à educação. Mas o professor precisa de assistência para isso, e muitas vezes isto não acontece. E além do conteúdo didático o professor precisa tratar de temas transversais (como bullying, alimentação saudável, diversidade, violência no trânsito), que teoricamente teriam de estar preparados para isto também.

Um projeto de lei quer aumentar a carga horária escolar em mais 20%, e exigir frequência mínima de 80%. Na sua opinião isso vai melhorar a educação? O problema afinal é quantidade ou qualidade do ensino?
O problema é a qualidade. É muito bom que se aumente a quantidade de horas, mas isto deveria acontecer depois de melhorar muito a qualidade do que se ensina a escola. Do que adiante mais tempo para ficar na escola sem nada aprender? O professor fica mais tempo envolvido em uma tarefa para a qual ele está preparado.

Qual seria o caminho para melhorar este quadro?
A primeira coisa é fazer este alerta, conscientizar o povo usando todos os espaços para fazer um retrato verdadeiro da situação da nossa escola e identificando alguns dos maiores problemas quem sabe se consegue mudar alguma coisa. Se o fracasso escolar é um sintoma dos nossos tempos do nosso país e este sintoma, como uma febre, indica uma infecção, também indica uma doença do nosso sistema educacional que se não tratada em breve vai inviabilizar a possibilidade de crescimento do nosso país. O que se estuda sobre educação e o que se pesquisa nunca sai de dentro da universidade porque quem ocupa os postos de grandes tomadas de decisões não são os grandes estudiosos e pesquisadores.

A repetência escolar: de quem é a culpa?

Izabel Sadalla Grispino *


O cenário da educação brasileira é sombrio, não só pela baixa qualidade do ensino, como pelo grande número de evasão e repetência dos alunos. Pobreza e métodos ineficazes de aprendizagem resultam em aluno fora da escola, levando com ele a escuridão e a eterna dependência. Sobre a América Latina, dados da Unesco de 1997 mostraram, entre nós, um elevado grau de repetência na 1.ª série do 1.º grau (54%), superando Colômbia (43,8%), Bolívia (38,4%), Peru (29%), Equador (28,2%) e Paraguai (27,6%). Também, o Brasil revelou um grande percentual de alunos que demoravam para concluir as quatro primeiras séries: 8,2 anos, em média, contra 6,5 anos no Peru, 6,3 anos no Paraguai, 6,2 anos na Colômbia e Equador e 4,8 anos na Bolívia.

O grau de repetência revela o grau de cultura dos diversos povos e o descaso que foi dado à educação nesses países, porque repetência também é resultado da conjuntura socioeconômica-cultural do país. No Brasil, além das causas inerentes a essa conjuntura, permanecia a arraigada cultura da repetência. No passado, ainda não muito distante, o melhor professor era aquele que mais reprovava, quando, hoje, sabemos que o que lhe faltava era um bom método didático-pedagógico, um trabalho mais apurado no seu senso de relacionamento interpessoal. A repetência não deixa de ser ponto negativo tanto para o aluno quanto para o professor. Ela revela deficiência estrutural, ocorre, principalmente, quando o aluno foi pouco estimulado, quando a escola não conseguiu ensiná-lo a aprender, a transformá-lo em estudante. A repetência é indicada em casos de imaturidade, quando a criança precisa de um tempo maior para compreender conceitos básicos. O ritmo em que o aluno aprende é importante na aquisição do conhecimento.

O princípio fundamental da educação é dar uma boa formação ao aluno, tanto no aspecto cognitivo, como no aspecto comportamental. A escola sempre discutiu a necessidade de se proporcionar ao aluno uma boa base, para que ele pudesse prosseguir estruturado em seus estudos. Esse critério de base continua, o que muda é o conceito da base, a maneira de adquiri-la. A base não se sustenta, como anteriormente se acreditava, pelo amontoado de conhecimento, adquirido pela teorização, pela memorização. Sustenta-se pelas vias de aquisição do conhecimento, ou seja, pelo desenvolvimento das competências cognitivas de caráter geral, levando o aluno a pensar, a criar, a criticar, a agir, a se tornar uma cabeça pensante. O que precisa mudar é a característica da aprendizagem; que ela seja prática, que dê ao aluno a oportunidade de elaborar, criando um verdadeiro processo de construção do conhecimento. O conhecimento teórico é apenas complementar, afinal, adquirimos conhecimento para intervir na realidade. No construtivismo, o professor leva o aluno a vivenciar as situações, a redescobrir o mundo pelo próprio esforço e iniciativa, a redescobrir seus princípios, suas leis de funcionamento.

Entrosando-se no método construtivista, o aluno vai desenvolver habilidades, vai assimilar conceitos, e estes, no momento preciso, vão suprir, com vantagem, o conhecimento deixado para trás.

Junto à metodologia, propõe-se que a escola passe a cultivar a filosofia do sucesso, que abrace a idéia de que ela é lugar de inclusão e não de exclusão. Quer-se uma escola com o objetivo centrado na aprendizagem, não no ensino. Uma escola que encontre o caminho da aprendizagem, que trabalhe e considere as diferenças individuais, que estabeleça e respeite, na avaliação, os padrões de máximo e de mínimo, conforme o potencial de cada um. Abordagem esta, facilitada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que dá liberdade às escolas inovarem, para fazer o aluno aprender.

Várias metas foram traçadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo com a finalidade de evitar a repetência, quais sejam: o programa de aceleração da aprendizagem, destinado a alunos com defasagem idade/série, no qual o aluno cumpre o currículo de dois anos em um; o programa especial de férias, com aulas de recuperação que valem como oportunidade para o aluno passar de ano; o sistema de matrícula por dependência e a formação do ensino fundamental em ciclos, em que não há reprovação anual. O aluno só pode ser reprovado no fim de cada ciclo. A escola deve, ainda, oferecer ao aluno, durante o ano, um programa de recuperação continuada.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 1998, introduziu a progressão continuada no ensino fundamental, o sistema de ciclos, que praticamente extingue a repetência. Contudo, se a repetência diminuiu, o ensino piorou e muito.

“Os Parâmetros Curriculares Nacionais” (PCN), abordando conteúdos variados e atualizados, propondo, ao lado do currículo formal, o currículo oculto – em que se considera a realidade vivida pelo aluno – adotando práticas estimuladoras da aprendizagem, contribuem, quando bem aplicados, a reduzir as taxas de evasão e repetência. Estas medidas, contudo, embora salutares, são paliativas, visto que o fulcro da questão reside na deficiente formação docente e nas precárias condições em que o ensino se processa.

Se a escola vai contribuir com a democratização do ensino, lutar para manter em seu recinto alunos das mais diferentes camadas sociais, deve tornar-se mais significativa, programar aulas mais interessantes, conteúdos próximos do aluno. Deve aprimorar seu sistema de avaliação, adotar uma concepção de educação e a partir dessa concepção formular seu projeto pedagógico e seu critério de avaliação. Se a avaliação tiver uma concepção democrática, ela jamais estabelecerá um padrão único, estabelecerá, ao lado dos objetivos desejáveis, os objetivos essenciais. Deve conceber uma avaliação que não se feche, uma avaliação aberta, ampla, onde criatividade, inventividade, intuição tenham sua apreciação considerada.

O professor tem uma função complexa, singular, interdisciplinar, contextualizada. Complexa, porque precisa, entre outras, ter sensibilidade para perceber e acolher as diferenças individuais. Trabalhar segundo o nível e o ritmo de cada aluno, respeitar sua potencialidade; desenvolver habilidades e atitudes à medida que os alunos se apropriam do conhecimento. Precisa estabelecer coerência entre a metodologia de ensino e o conteúdo programático. Singular, porque não há duas classes iguais, dois alunos iguais ou dois professores iguais, cada um com sua história única. Interdisciplinar, porque o conteúdo de sua disciplina tem que estar interligado ao conteúdo das demais disciplinas do currículo, colaborando com a formação geral do educando. Contextualizada, porque seu conteúdo deve estar relacionado aos contextos sociais, culturais. O professor deve atuar em consonância à sociedade, à comunidade, à família, à experiência de vida dos alunos.

Se na escola tradicional, o professor era caracterizado por palavras como: “escultor”, “piloto”, “espelho”, “jardineiro”, hoje é por “investigador”, “reflexivo”, “experimentador”, “construtor”.

Pense nisso, professor!

* Supervisora de ensino aposentada.
(Publicado em maio de 2001)
.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DISLEXIA: Universidades já têm vestibular diferenciado.

Se antes os dislexos eram considerados preguiçosos e indisciplinados na escola, hoje eles podem ter uma vida intelectual tranquila e oportunidades graças ao entendimento melhor do que é o distúrbio. A universidade Mackenzie, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e a Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, já possuem vestibular diferenciado para os disléxicos.


"Uma pessoa lê a prova e depois passa o resultado para o gabarito. Como também há uma dificuldade com a escrita, o candidato dita a redação porque oralmente ele não tem problema nenhum. São coisas simples de fazer, mas que fazem muita diferença para um disléxico", diz Rosemari Marquette de Melo, presidente da Associação Brasileira de Dislexia.

Segundo ela, na Europa e Estados Unidos, todos os alunos disléxicos têm, por lei, o direito a um computador com corretor ortográfico e mais tempo para fazer os exames, além de poderem optar pelo exame oral.

"É isso que queremos que seja adotado no Brasil. Que a escola dê o suporte para a aprendizagem. Existe a Lei da Inclusão, mas ela é insuficiente nesses casos", aponta. Outra demanda da Associação Brasileira de Dislexos é que os concursos e a prova para obter a carteira de habilitação de motorista levem em conta as especificidades dos disléxicos. "A pessoa pode fazer a mesma prova, só precisa de um pouco mais de tempo e uma assistência que não comprometa o processo de seleção", afirma.

Segundo ela, o Ministério da Educação (MEC) criou um grupo de trabalho para debater o assunto e a expectativa da Associação Brasileira de Dislexia é que em 2010 um projeto de lei seja encaminhado ao Congresso Nacional. "A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desa-tenção, desmotivação, condição sócioeconômica ou baixa inteligência. Os disléxicos só precisam de apoio". (ACB)
FONTE DE CONSULTA: http://www.otempo.com.br/jornalpampulha/noticias/?IdEdicao=208&IdCanal=20&IdSubCanal=&IdNoticia=6452&IdTipoNoticia=1#Nem toda dificuldade é dislexia

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A busca inconsciente pelo sofrimento

Todos nós, conscientemente, dizemos querer uma vida melhor e mais feliz. No nível racional é o que surge nos nossos pensamentos. Desejamos melhores relacionamentos familiares, crescimento profissional e mais saude física e emocional. Entretanto, se pararmos para pensar um pouco sobre nossas atitudes, percebemos que fazemos ou deixamos de fazer várias coisas que acabam nos trazendo sofrimento.
Muitas vezes é fácil detectar esses comportamentos. É só você observar seus hábitos. Você se alimenta da forma que sabe que é melhor? Pratica exercícios de forma regular como sabe que deveria? Tem algum vicio que sabe que é nocivo mas não consegue parar (cigarro, bebida, jogo, chocolate e etc...)? Procura estudar e fazer o possível para crescer profissionalmente e ter uma vida financeira cada vez mais confortável sem precisar morrer de trabalhar? Você consegue selecionar amizades e relacionamentos saudáveis ou se pega em relações que trazem muitas vezes prejuízos emocionais e simplesmente não consegue se afastar? Se você sabe racionalmente que poderia fazer muitas coisas (muitas delas simples, fáceis e gratuitas) para melhorar a sua vida, porque você simplesmente não faz?
De uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, todos nós buscamos de forma inconsciente, situações que nos fazem sofrer. Seja trabalhar demais, seja um relacionamento que não é saudável, seja o não cuidar da saude física e da alimentação. Se não houvesse essa busca inconsciente pelo sofrimento faríamos tudo para melhorar nossas vidas de forma fácil, intuitiva e sem qualquer esforço. Mas não é isso que observamos na maioria das pessoas. Existe algo que nos leva numa direção a qual não queremos no nível consciente. Lutamos para ser diferente mas muitas vezes não conseguimos.
De onde será que vem essa força interior negativa que nos faz procrastinar, que nos leva para vícios e comportamentos nocivos, que nos faz perder oportunidades e criar sofrimento? Tudo isso vem da negatividade acumulada, do nosso sofrimento interior já existente. São sentimentos negativos que temos guardados (conscientes e inconscientes). O nosso sofrimento interior deseja se alimentar de mais sofrimento. As emoções negativas que carregamos são viciadas em si mesmas, querem se perpetuar, crescer e tomar conta das nossas vidas.
Essa força negativa nos sabota de uma forma muitas vezes silenciosa. Sentimos preguiça de fazer certas coisas que sabemos que são boas e uma vontade irresistível de fazer outras que não são saudáveis.
Os sentimentos mal resolvidos que carregamos (raivas, mágoas, perdas, medos, frustrações, tristeza e etc...) agem como se fossem entidades individuais que querem sobreviver. Eles precisam se alimentar e fazem isso influenciando nosso pensamento e ações.
Cada sentimento individual busca criar situações ou interpretá-las de forma distorcida para que mais daquele sentimento seja criado. Os sentimentos geram pensamentos negativos que influenciam nossas ações, gerando resultados negativos que alimentam mais pensamentos e geram mais ações, em um circulo vicioso.
Observe quando você está com raiva. Ao lembrar da situação onde a raiva foi gerada surge mais raiva. Um diálogo interior é criado e intensifica o sentimento: ‘aquele palhaço, quem ele pensa que é...’; ‘é um absurdo o que aconteceu’; ‘um dia eu dou o troco’... É possivel até que a sua mente crie cenas e frase que nem foram ditas na situação real e que fazem você se sentir mal. É a própria raiva buscando se alimentar e crescer, o que certamente nos traz um sofrimento que dizemos não desejar para nossas vidas.
Em outras situações, aquela raiva guardada vai novamente emergir e tornar nossas reações cada vez mais intensas e improdutivas. Talvez um lado seu diga pra você deixar aquilo de lado e as vezes até você consegue. Mas a raiva pode ser bastante convincente e se perpetuar por muitos anos. É bastante comum tratar pessoas que guardam sentimentos negativos de coisas que ocorreram há anos, até mesmo na infância. Todos nós guardamos na verdade, varia apenas a intensidade.
Juntando vários sentimentos negativos guardados, eles se conectam e criam um time, uma força interior negativa extremamente sabotadora. Cada emoção, viciada em criar mais de si mesma, influencia de forma silenciosa e profunda nossos pensamentos e ações. Sem que a gente se dê conta, criamos conflitos, escolhemos mal os relacionamentos e nos causamos todo tipo de problema, embora o nosso desejo consciente seja o de criar uma vida mais feliz.
Algumas pessoas ao se darem conta dos sentimentos negativos e de como eles são sabotadores começam a brigar consigo mesmas. Certamente isso não ajuda e acaba criando mais sofrimento. O que devemos fazer então?
A coisa que considero como mais importante nessa vida, é reconhecer, aceitar, limpar, e dissolver a negatividade que guardamos. Daí a importância de uma técnica como a EFT. Conseguimos varrer do nosso sistema energético, de forma consistente e profunda, as emoções guardadas. Imagine então o que aconteceria com você ao limpar negatividade acumulada ao longo de uma vida: raivas, mágoas, traumas, medos, rejeição, abandono, culpa e etc... Através da auto aplicação do método é possível conseguir grandes benefícios.
Ao fazer isso estamos dissolvendo o corpo emocional sabotador. Passamos a ser mais positivos e tomar atitudes melhores sem precisar de esforço pra isso. Tudo flui de uma forma mais tranqüila e natural. É como se você fosse soltando pesadas âncoras que antes você nem sabia que estavam travando a sua vida. Melhora-se a autoestima, diminui-se a ansiedade e tudo isso se refletirá de forma positiva em todos os aspectos.
Essa limpeza emocional deveria ser a meta primordial de qualquer pessoa. Não ter tempo pra isso é a maior perda de tempo e causa grandes prejuízos. Esse corpo emocional sabotador certamente irá influenciar para que você não tome atitudes para dissolvê-lo. É preciso ficar atento e ter uma dose de força de vontade para não cair nessa armadilha.
Recomendo a todos que façam o procedimento para paz pessoal descrito no manual gratuito da EFT. É um processo profundo, que vai exigir uma certa dose de comprometimento consigo mesmo e de persistência, mas quem o fizer será certamente recompensado com enormes benefícios.

Mais artigos sobre a EFT,:
http://www.eftbr.com.br/artigos.asp

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Neuropediatria


O cérebro da criança não é réplica em miniatura do cérebro adulto. Ele tem de acordo com a idade características anatômicas e fisiológicas diferentes. Nos primeiros anos de vida, o processo de maturação ou amadurecimento, em escala crescente, proporcionará perda das funções primitivas, aquisições, e aperfeiçoamento das novas funções adquiridas. Uma criança neste período pode apresentar o exame neurológico objetivo, mas o desenvolvimento Neuropsicomotor alterado. Alguns trabalhos da literatura mostram que o exame neurológico neonatal detecta aproximadamente 57% das crianças que acabam por desenvolver "paralisia cerebral". 43% delas, no entanto, apresentam o exame neurológico neonatal normal, vindo a desenvolver distúrbios durante o primeiro ano de vida. Estes distúrbios podem ser evitados promovendo-se a identificação e acompanhamento pré-natal das gestantes e posteriormente detectando-se na maternidade os RNs de RISCO, oferecendo a eles programa de estimulação precoce. (vide indicadores de risco para encaminhamento à estimulação precoce - ABAIXO)Intervir precocemente consiste em tratar o recém nascido com base na adequação dos padrões
motores anormais, com técnicas neuro-evolutivo bem planejadas. O programa de Estimulação Precoce consiste em estratégias simples que devem ser realizadas por um profissional especializado (fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional e outros), apto a lidar as fragilidades do RN. Deve ocorre em grupos de até 08 mães com seus respectivos bebês, orientado pelo estimulador. A freqüência mínima recomendada para os encontros é duas vezes por semana, com orientação para manutenção dos exercícios em casa. Os recursos utilizados são simples e de baixo custo: sala ampla, ventilada e bem iluminada; pia; banheira para criança; colchonetes; almofadas; rolos e bolas Bobath; bonecas de pano para modelo de treinamento das mães; brinquedos pedagógicos; lanternas; espelhos. O SUS Campinas conta com este programa no Centro de Referência em Reabilitação, núcleo clínico da APAE, na Casa da Criança Paralítica e na Fundação Síndrome de Down. A avaliação neuropiscomotora evolutiva ocorre em conjunto com a equipe de pediatria da rede básica de saúde de referência da criança. A alta do programa
de estimulação precoce deve ocorrer no máximo aos 02 anos de idade para as crianças que não desenvolveram seqüelas. Aquelas que apresentaram algum atraso detectável no seu desenvolvimento neuropsicomotor devem ser encaminhadas aos núcleos ou programas de apoio específico à suas dificuldades.
De 01 a 02 meses
􀂃 Fixa o olhar na mãe durante o aleitamento
􀂃 Sorri
􀂃 Senti-se seguro no colo da mãe
De 03 a 04 meses
􀂃 Acompanha com olhar
􀂃 Responde com balbucios
􀂃 Olha para as mãos e coloca-as na boca
􀂃 Sustenta a cabeça
􀂃 Busca a direção dos sons
De 05 a 06 meses
􀂃 Rola na cama
􀂃 Senta com apoio
􀂃 Leva os pés na boca
De 07 a 08 meses
􀂃 Início do processo de mastigar
􀂃 Estranha, pessoas fora do convívio
􀂃 Senta sem apoio
􀂃 Começa a arrastar-se
􀂃 Atende pelo nome
De 09 a 10 meses
􀂃 Engatinha
􀂃 Firma os passos
􀂃 Bate palmas
􀂃 Dá tchau
12 meses
􀂃 Anda sem apoio
􀂃 Sabe o que quer
De 13 a 18 meses
􀂃 Quer independência
􀂃 Fala algumas palavras
De 19 meses a 02 anos
􀂃 Gosta e precisa do convívio com outras crianças
􀂃 Dá pequenas corridas
􀂃 Sobe e desce escadas
􀂃 Tem vontade própria
􀂃 Fala muito "não"
􀂃 Testa limites
De 02 a 03 anos
􀂃 Controle de esfíncter
􀂃 Início do "tirar a fralda"
􀂃 Forma frases
􀂃 Fala muito "é meu"
De 03 a 04 anos
􀂃 Ajuda a vestir-se e calçar-se
􀂃 Gosta de brincar com outras crianças
􀂃 Brinca de faz de conta
De 04 a 06 anos
􀂃 Corre alternando os pés
􀂃 Participa de jogos
􀂃 Toma banho veste-se sozinho, escolhe roupas
De 06 a 08 anos
􀂃 Verbaliza conscientemente suas emoções
􀂃 Aquisição da alfabetização
Caso ocorra uma diferença significativa nesta evolução, o pediatra da criança deve
ser avisado para, se necessário, encaminhar as equipes interdisciplinares de apoio.

Indicadores de risco para encaminhamento à estimulação precoce:
De risco biológico:
􀂃 Peso ao nascimento de 1.500g ou menos.
􀂃 Idade gestacional de 32 semanas ou menos.
􀂃 Pequeno para a idade gestacional (menos de 10% para o peso).
􀂃 Necessidade de ventilação por 36 horas ou mais.
􀂃 Anormalidades no tônus muscular (hipotonia, hipertonia, assimetria de tonomovimento).
Convulsões neonatais recorrentes (03 ou mais).
􀂃 Disfunção na alimentação.
􀂃 Infecção TORCH sintomáticas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus, vírus da
herpes tipo II, sífilis).
􀂃 Meningite.
􀂃 Afixia com Apgar menor que 04 em 05 minutos.
De risco estabelecido:
􀂃 Hidrocefalia.
􀂃 Microcefalia.
􀂃 Anormalidades cromossômicas.
􀂃 Anormalidades músculo-esqueléticas (quadris congenitamente luxados,
deficiências nos membros, artrogripose, contraturas articulares, torcicolo
congênito).
􀂃 Nascimento múltiplo (acima de dois).
􀂃 Lesões no plexo braquial (paralisia de Erb, paralisia de Klumpke).
􀂃 Miopatias congênitas e distrofia miotônica.
􀂃 Erros inatos de metabolismo.
􀂃 Infecção por HIV.
De risco ambiental-social:
􀂃 Alto risco social (apenas um dos pais, idades dos pais, menor que 17 anos, má
qualidade de ligação entre bebês e pais).. Abuso materno de drogas ou álcool.
􀂃 Anormalidades no estado comportamental (letargia, irritabilidade excessiva,
instabilidade no estado comportamental).

DRa MARIA LUIZA A. BROLLO - NEUROPEDIATRA
http://neuropsicologiaaplicada.blogspot.com/2009/11/neuropediatria.html

Maturação Neuropsicológica


Quando nascemos, centenas de bilhões de neurônios já encontram-se disponíveis aos processos cognitivos essenciais de relações do ser com os meios. Esses neurônios, nos primeiros anos de vida, integram conexões, redes psicomaturacionas, permitindo que as células nervosas enviem e recebam sinais. Isto é possível devido as sinapses, responsáveis diretamente pelas transmissões das informações entre diferentes células. Rapidamente, dessa centena de bilhões de células nervosas, neurônios, obtém-se centenas de trilhões de ligações sinápticas. São as grandes redes sinápticas psicomaturacionais, interligando pontos cada vez mais distantes e afinando todo o sistema neuronal.

Em uma primeira fase, se observa sinapses em profusão, distribuídas uniformemente. A sincronicidade, cada vez mais, é aperfeiçoada. Estímulos externos desencadeiam reações em esforços conjuntos dos neurônios. Quanto mais reforçam os estímulos, maior tornam-se as ligações sinápticas originalmente formadas, e maior serão suas durações. Os processos de aprendizado favorecem a plasticidade cerebral. Pode-se mesmo dizer, que os processos de aprendizado dão forma e determinam as interligações em redes sinápticas, modelando os caminhos do cérebro. As mais percorridas reforçam-se e expandem-se, enquanto àquelas em desuso, são enfraquecidas, e dependendo do grau de inatividade, poderão se dissolver.

Para cada novo aprendizado formam-se novas redes conectivas, alternando-se em expansão e número de ligações.

As primeiras sílabas, palavras e frases, são diretamente demonstrações cognitivas equivalentes e proporcionais aos intermináveis números de ligações em rede das células nervosas.

O desenvolvimento e expansão das redes neuromaturacionais, são responsáveis diretamente pela elevação da capacidade cognitva. As capacidades cognitivas são dependentes da expansão e consolidação neuromaturacional.

Da mesma forma como internamente se evidência a interdependência cognição/neuromaturação, também no processo ensino aprendizagem pode-se interligar didática/neurociências.

Quanto maior e mais profundo for o conhecimento dos processos orgânicos, e entre eles o neurológico, fisiológico e psicológico do ser, mais apurada e abrangente será a abordagem didática-pedagógica, facilitando e desfazendo os entraves à apreensão do saber. Quanto mais ciências envolvam-se com a educação, dedicando-lhe atenção e estratégias, sobretudo ao processo ensino/aprendizagem, maiores facilidades tomarão as redes de difusão do conhecimento. O vendedor que bem conhece seu cliente, maior facilidade terá na oferta de seus produtos e serviços.

Do mesmo modo, o professor que conhecer as profundezas do ser, com todas as complexidades que o envolvem, maior facilidade e êxito terá na escolha, adaptação e disposição dos conteúdos a oferecer em crescimento e evolução do educando. A técnica, a didática e os recursos a serem empregados, mais personalizadas serão à medida em que mais soubermos sobre nossos alunos.

Ao aprofundarmos conhecimentos às bases neurocientificas do desenvolvimento humano e aprendizagem, descobrimos elementarmente que:

- maior o reforço, maiores caminhos à cognição se formam;

- menor o reforço, mais fracos e frágeis tornam-se os caminhos à cognição;

- maior a variedade e estímulos à cognição, maiores facilidades à interiorização, formação e ou expansão de redes sinápticas e memorização prolongada.

- maior a variedade e estímulos, mais aumentam e expandem-se as bases neuromaturacionais à cognição. Sendo inverso na falta de variedade dos estímulos.

Dessas premissas básicas, reforçamos a necessidade em se oferecer ao ser em formação, o maior número de experiências possíveis ao desenvolvimento das redes neuromaturacionais, bases de todo o seu potencial de aprendizado.
As redes sinápticas expandem-se à medida não só em que são bombardeadas por novas informações. Ocorre também, através de processo espontâneo maturacional. No entanto, se não estimuladas, permanecem como uma conta bancária com saldo zero, e com o passar do tempo, sem movimento, será encerrada. Para reabri-la, necessitara de todo um esforço extra. Sobretudo, capital (idéias, pensamentos, experiências, desafios, conhecimentos...) à mantê-la ativa e operante. Rapidamente com sua movimentação, créditos extras são ofertados, novas interligações se formam, aumentando seu potencial realizador.

Em nossas pesquisas, as redes sinápticas formam-se, desde o nascimento até a terceira idade. Trilhões são as conexões, mas para o fim acadêmico, delimitamos em onze as GRS (Grandes Redes Sinápticas). A interação constante com o mundo exterior é base ao pleno desenvolvimento de um cérebro sadio, também dependente da alimentação e condições gerais de saúde.

Reforçamos a imperiosidade da estimulação variada e nos anos iniciais do ser a neuromaturação ideal aos processos cognitivos de excelência ao desenvolvimento integral de um cérebro ativo em toda sua complexidade. Isto ocorrera, dentro de uma visão de normalidade, à medida em que um maior número de sinapses sejam estimuladas.
As estruturas básicas do cérebro e de todo o sistema orgânico, ao nascer, contam com o aporte genético. Cabe a família, escola e Estado, oferecer estímulos extras a ampliação e enriquecimento dos sistemas elementares. Desde a apuração da sensibilidade tátil, visão, audição e habilidades psicomotrizes, aos engenhosos sistemas tecnológicos e seus domínios. As faculdades cognitivas, habilidades e vias relacionais, são dependentes de estímulos externos ao seu desenvolvimento.
Quanto maior os estímulos dos meios e mais variada a multiplicidade de experiências vividas pelo ser em formação, maior se fará seu acervo à resolução de problemas e possibilidades a compreensão do novo. Ainda, maiores serão suas alternativas rearranjacionais e adaptação de variáveis à definição, delimitação e alcance de objetivos.
Idealisticamente, a pedagogia evita o direcionamento da aprendizagem, senão apenas o desenvolvimento de potenciais em forma da apuração das habilidades intrínsecas às bases funcionais do ser até aproximadamente os dez anos. Contudo, cientificamente, observa-se a necessidade de um novo olhar curricular. Sobretudo nas series iniciais. Isto, pela premissa de encontrar-se nesse intervalo, 3 a 10 anos, as maiores facilidades à expansão estimulada das redes sinápticas. Estas, se conscientemente bem aproveitadas em direcionamento, garantem uma possibilidade de lastro neural de maior suporte às conexões subseqüentes, sistêmica e didaticamente graduadas pela oferta contínua de novos conhecimentos.
Se não formos capazes de oferecer o ideal socialmente convencionado às nossas criações, sob a alegação de que não estão preparadas ou que são incapazes; ou mesmo para não sobrecarrega-las, o mundo, através da TV, radio e amiguinhos, imporá, sem a devida e consistente réplica, suas leis e valores.
Todos os estímulos que chegam ao cérebro, são codificados, ganham valor e peso. Passam a pulsar, têm latência; evidenciam-se em um quantum de tensão. Seus limiares paradigmáticos obedecem a um grau de certeza proporcional a assertiva de sua conceituação em proporcionalidade à experiência correlacional de sua validação. O mesmo ocorrendo na aquisição conceitual refutativa.
Se o juízo conceitual for inverso a experimentação prática, firmar-se-á a segunda, por força da ação, do objeto, da reação física sobre os sentidos, da plasticidade neural áxio-catéxica. O conceito meramente expresso perde em significado ao juízo da experiência, sendo assim refutado. Mantendo-se apenas em condições idealísticas reconstrutivas ou transformadoras do ser e das sociedades, seus paradigmas e futuro. Nesse tocante, inclusive, se forma uma resistência natural confrontativa entre os seres com suas realidades. Contudo, sustentadas por realidades outras de suas observações.
Todo o objeto ou conceito, externo ao ser, conta com um valor axiologicamente interiorizado em forma de valor catéxico correspondente àquele, segundo as variáveis do momento de sua codificação. Os neurônios associativos, contarão com esse código, sob àquelas premissas originais par os correlacionar e ou confrontar, com os futuros conceitos, novos ou de expansão.
A toda nova informação, as bases neuronais serão consultadas, e as respostas serão deflagradas segundo os limiares de tensão evocados pelas bases originais de correspondência ou de desencontros com os estímulos excitatórios de confrontação. Esta confrontação se dá no córtex. Os sinais advindos de outras regiões (do exterior) são por ele recebidas e analisadas em toda a sua extensão antes de uma resposta.
Dessa assertiva neuroconsciente reforça-se originalmente o banco de dados, cerebral, das crianças em seus anos iniciais, facilitando-lhes em autonomia neuronal à evolução sob bases sólidas e conscientes advindas de uma sociedade cientificamente madura para educar. Isto em teoria. Praticamente imatura.
O sistema límbico, responsável pela memória, facilmente codifica todas as impressões advindas dos meios externos. Códigos e mais códigos são catexizados nos primeiros meses e anos de vida.
A preexistência de dados catexizados, facilita sobre determinado conjunto de conhecimentos, sua paradigmaximização. Quanto maior as bases, maior serão suas possibilidades.
Simplificadamente o processo de neuro-aprendizagem se faz de forma retroalimentativa; - os elos cognitivos através das redes sinápticas, expandem-se e mais aperfeiçoam-se quanto mais informações recebem sobre um determinado segmento de conhecimentos, demonstrando mais domínio à medida em que mais informações recebe.
Em experiência com ratos, observou-se que àqueles com maiores contatos com objetos, como bolas, escorregadores... têm suas redes sinápticas aumentadas em relação àqueles de experiências pobres. Também, na Alemanha, em Magdeburg - Centro de Pesquisa do Aprendizado e da Memória, observou-se o aumento auto-gratificativo do neurotransmissor dopamina, sempre que o roedor conseguia executar corretamente uma ação em forma de tarefa. Isto foi observado no córtex pré-frontal dos roedores. A dopamina é responsável pelo sentimento de felicidade. Assim, até mesmo os animais compartilham conosco desse sentimento.
Sempre que ampliamos o banco de dados de um determinado conjunto, acetilcolina e dopamina são liberadas em maior quantidade estimulando-nos a busca de mais informações. Paralelamente, amplia-se a sensação de satisfação interna. Logo, direcionarmos nossos alunos às portas de seus interesses, lhes facilita a expansão naturalmente estimulada de auto-busca, realização e aprendizagem.
As emoções têm papel ímpar na ampliação da memória. O sistema límbico (passagem obrigatória de sinais captados pelos sentidos) departamentaliza as emoções, enviando os sinais para seus semelhantes de prazer, frustração, felicidade, medo, alegria, raiva, tristeza...tornando-nos esse ser de tantas emoções, variando em intensidade e expansão (base de realizações pessoais e também da ansiedade (hipertensão, Sist. 150; Diást. 100), depressão, pânico (FCC elevada).
Podemos mesmo afirmar que o Sistema Límbico desempenha parte do que denominamos consciência. Contudo, sua consciência é inconsciente ao ser e se manifesta em forma de reação imediata. Pouco ou nenhuma interferência consciente exercemos sobre algumas análises por ele processadas, como àquelas de reflexo, fechar os olhos e recolher a perna em situações de perigo.

Observamos emoções como bases do aprendizado pelos estímulos eletroquímicos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, com natural expansão psicomaturacional a partir do fortalecimento e neuroexpansão das redes sinápticas, frente aos sentimento de plenitude e felicidade (liberação de acetilcolina e dopamina) quando da consecução de atividades e aquisição de novos conhecimentos que formam elos com àqueles já depositados (codificados).
Os conteúdos, conhecimentos e saberes, experiências e vivencias, quando associados às emoções (aprovado pelo sistema límbico) depositam-se mais facilmente na memória onde, por força da impressão emocional, mantém-se por longos períodos, podendo perdurar por toda a vida).
Sob um mesmo matiz emocional, múltiplos conhecimentos a ele são vinculados. À medida em que forem interiorizados novos aprendizados àqueles das bases originais, preexistentes, servirão de lastro às novas interiorizações.
A roupagem emocional na transmissão de aprendizados encontra mais facilmente o caminho do sistema límbico e um lugar "limiar de tensão" mais privilegiado na memória, inclusive com maior disponibilidade de acesso quando solicitado.
Através do mal de Alzheimer, pode-se afirmar que as interligações de lembranças e sentimentos passam pelo sistema límbico. Pois, a lesão daquele sistema e determinante a instalação do distúrbio.
Assim, reforçamos a vinculação emocional ou aprendizado para que este se faça mais leve, duradouro e útil.
A roupagem emocional do conteúdo, ainda que o mesmo refira-se a fórmulas matemáticas, mas se, por exemplo, falarmos sobre a história e a dedicação de quem as gerou e ou a sua importância à resolução de um problema social, ou ainda de possibilitar o homem chegar a lua...estará, esta, investida do potencial elementar a instalar-se prazerosamente na memória. O ambiente, a possibilidade de atendimento fácil às necessidades fisiológicas, como água na própria sala, como também banheiros, luzes satisfatórias, utilização de tecnologias ou esforços de criatividade. Tudo contribui ao processo de neuroaprendizagem.
Os sentimentos, como vimos, são fundamentais aos estímulos da percepção e atenção. Um filme ou um conteúdo, quando com um toque emocional, conquista um espaço especial em nossos interiores, ganha a química de nosso ser.
Os conteúdos necessariamente precisam assumir um significado para que o sistema límbico os torne inesquecíveis. Com fim na memorização, é preciso que os conteúdos sejam colocados de forma a propiciar ao aluno, uma experiência pessoal.
A delimitação da atenção é determinada pelo nível de emoção, que por sua vez, motivarão em maior ou menor grau, pela própria quantidade de neurotransmissores envolvidos no processo, facilitando a memorização. A atenção deve ser dirigida a um elemento por vez. Isto compete ao professor o cuidado. Sobretudo, pela dificuldade de fixar-se a atenção em dois ou mais pontos simultaneamente.
O limiar de tensão de maior quantum com carga emocional mais intensa, pulsional, de maior freqüência e amplitude, sobrepor-se-á àqueles de menor significado pessoal. Sobretudo, se estiverem estes desprovidos de emoção. À memorização, àqueles de maiores emoções obterão maiores facilidades.
O fator tempo à assimilação deve ser considerado. Imediatamente ao despertar de interesses, tempo à concentração e aprofundamento deve ser destinado. Somente dessa forma, pode-se aspirar a interiorização consciente de conteúdos. Esgotar o conteúdo ou concluí-lo segmentarmente, também é de relevância ao sadio aprendizado. Isto, uma vez que somos sabedores da necessidade de um preparo prévio motivacional da rede neural, para aí inserirmos novos conteúdos e por fim propiciar em relaxamento e estabilização da rede.
Pode-se no entanto não encerrarmos corretamente o "computador". Logo, ao reativá-lo, o sistema procederá uma varredura devido ao mau uso.
Ainda que, teoricamente, aponta-se uma prática ideal, somos sabedores que isto, encerrar corretamente as atividades, dificilmente acontece.
Quando motivados, envolvidos por um interesse, há prazer. Logo, acetilcolina e dopamina elevam-se no organismo. O que dificulta encerrar a atividade.


Memória de curta e longa duração

Todas as informações em primeira instância armazenam-se em um banco de curta duração. Esse "banco" são as próprias redes sinápticas. Porém, de sinais fracos. Com o tempo, sem reforço, vão desfazendo-se. Se ao contrário, forem reforçadas, quanto mais, maior sua duração. Se, como já dissemos, ligando-as às emoções, garantimos sua vaga por longo tempo na memória. Atenção, concentração e tempo são essenciais à interiorização consciente. Estabilização e enfraquecimento são dependentes destas variáveis. Excesso, não ordenado, de novas informações são prejudiciais à memorização, devido a sobreposição. Se sistematizados, exercitam, expandem e reforçam a memória.

Aprendizados intercalados com relaxamento, lazer e ou estímulos de outros seguimentos neuronais de conexão à sua memorização, como música, artes plásticas, teatro, atividades físicas, têm maior êxito em sua fixação duradoura.

Como já dissemos anteriormente, quanto mais variados forem os recursos didáticos utilizados, maior será o potencial ativado à memorização de longa duração. Isto, do ponto de vista neurológico, por haver um maior número de órgãos sensoriais envolvidos. Campos neuronais distintos. Vias descongestionadas, congruentes ao fim do aprendizado proposto. Os sinais elétricos chegarão através da visão, audição, tato, movimento, reflexão, gustação e olfato. Em cada um, formas, cores e sons podem variar, somando-se à memorização.

A neurodidática propõe uma retroalimentação de conhecimentos diretamente proporcionais à capacidade neuromaturacional dos seres. Dessa forma, não há espaço às avaliações reprovativas. Os dons e talentos individuais se respeitados, maiores serão as perspectivas de desenvolvimento desse ser.
Condições pré-cognitivas genéticas facilitarão a cognição se ativadas através da oferta de conhecimentos. Sobretudo, se canalizados às disposições naturalmente herdadas - pré-existentes.
São potenciais latentes ao aprendizado, inerentes a todos os seres, prontos a aflorarem, desde que estimulados. Os potenciais são individuais, cada ser dispõe de uma gama personalizada de possibilidades, geneticamente franqueadas. Alem das "franquias", poderá o ser, segundo suas vivencias, desenvolver novas frentes e potenciais.
Os objetos de maior interesse e satisfação das crianças, são caminhos ao seu pleno desenvolvimento.
As competências individuais, se unidas aos conteúdos de sua expansão, levam o ser ao limite de seus ideais. Certamente que regados, permeados com o conjunto dos demais saberes. Porém, com maior ênfase àqueles de suas naturais facilidades.
O processo de aprendizagem é dependente de um ambiente que ofereça segurança e um certo desafio ao ser.
Plasticidade cerebral
A "simples" alfabetização auxilia na modelação das redes neurais cerebrais.


Pedagogia Neurocientífica

A Pedagogia Neurocientífica estuda a estrutura, desenvolvimento, evolução e funcionamento do sistema nervoso, interligando-o a biologia, neurologia, psicanálise, psicologia, matemática, física, química, filosofia, sob bases tecnológicas da oferta de conhecimentos ao aprendizado e evolução dos seres.

A UNESCO em 2005 colocou o Brasil em sétimo lugar entre os países de maior população analfabeta do mundo. O MEC também mostrou um número alarmante em relação ao analfabetismo. Aproximados 20% da população jovem brasileira, com idade entre 15 e 19 anos, não é alfabetizada.
Necessitamos bem utilizar-nos dos conhecimentos atuais das neurociências cognitivas para revertermos os índices supra demonstrados.
A música é um grande aliado do processo ensino-aprendizagem. Os estímulos, após ultrapassarem o ouvido médio, atingem a área de Broca e Wernicke. Estas, interligadas, respondem por parte significativa dos componentes da linguagem. Associando-se os conhecimentos com a música, despertamos o elemento emocional do sistema límbico, formado pelo hipocampo e hipotálamo, quando é liberado dopamina e serotonina no organismo, neurotransmissores de fundamental importância ao aprendizado com alegria e satisfação. Persistir em retornar ao caminho de prazer é natural.



Prof. Dr. Mário Carabajal - Ph.D. (Mário Roberto Carabajal Lopes)
Outro Livro do autor disponível na íntegra para leitura: http://www.academialetrasbrasil.org.br/psicopedagointervencao.htm

Livro: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
Se desejar obter mais informações sobre a Psicopedagogia acesse meu site http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/