"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo." Confúcio

Seja bem vindo(a),

domingo, 19 de agosto de 2012

DISLÉXICOS TÊM CHANCE NO VESTIBULAR?

 

Entre as características dos disléxicos podemos citar a lentificação do processamento de informações, principalmente relacionadas à leitura, escrita e interpretação de textos.

Isto se dá devido ao processo de leitura utilizado pelo disléxico, que ativa áreas do cérebro não especializadas para esta função, fazendo a ...tarefa ser um processo de decodificação não automatizado, o que leva à lentificação da resposta e ao cansaço excessivo relatado por alunos com dificuldades de aprendizagem em tarefas de leitura e escrita, principalmente as mais demoradas como, por exemplo, as provas de vestibular.

Sendo assim como proceder em relação ao processo de seleção utilizado pelas faculdades e universidades?

Já existe um consenso entre as principais instituições de ensino do Brasil de que se deve dar ao disléxico condições diferenciadas por ocasião do vestibular. E quais são estas condições?

A principal delas é um maior tempo para a realização da prova (cerca de uma hora e trinta minutos a mais).

Esta condição é fundamental se levarmos em conta a diferença apresentada pelos disléxicos em relação à velocidade de trabalho (na leitura e escrita).

Além disso, é oferecido ao disléxico o direito de ter um ledor à sua disposição. Este ledor, de preferência uma pessoa que tenha bom conhecimento do distúrbio, realiza a leitura da prova para o aluno e este, com este recurso, processa a informação mais rapidamente e registra sua resposta. O ledor não interfere nesta escolha.

Este assistente de prova pode ainda revisar as anotações na folha de resposta, pois como no quadro da dislexia existe uma dificuldade de atenção, o aluno poderia marcar a resposta certa no caderno e transcrever de forma errada para a folha de respostas (que é a que realmente conta para a apuração). O assistente faria então a conferência da transcrição. Vale lembrar que além da dislexia é frequente coexistir o quadro de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade , tornando ainda mais necessária essa revisão da folha de respostas.

O ledor pode ainda ser auxiliar na redação (um dos maiores obstáculos para o disléxico numa prova de vestibular). Umas das formas de auxiliar neste momento é o aluno elaborar a redação e ditar para o ledor escrever. A nota ponderada também pode ter critério diferenciado.

Há universidades que disponibilizam ainda o uso de calculadoras. Vamos explicar...
Uma vez que os disléxicos encontram dificuldade em decorar, são mais lentos em realizar operações matemáticas, pois fazem o roteiro completo das tabuadas para cada conta que fazem (o que, é claro, leva muito mais tempo). E ainda existe a questão da interpretação do enunciado, que pode levar tempo (lembre-se que o texto precisa ser decodificado).

Essas condutas diferenciadas não colocam os disléxicos em melhores condições do que os demais alunos ao acesso à universidade, mas os colocam em condições de igualdade, considerando suas (dos disléxicos) necessidades diferenciadas para expressarem os conhecimentos adquiridos.

Pode-se observar que estas condições e possibilidades têm feito muita diferença em relação à autoestima das pessoas com dificuldades de aprendizagem, colocando-os aptos a galgarem posições que de outra forma talvez não pudessem alcançar.

O valor do profissional disléxico já tem despertado o interesse inclusive de grandes empresas que também estão oferecendo estas mesmas condições diferenciadas aos disléxicos que participarem de concurso público para ingresso nos quadros de funcionários.

A ABD – Associação Brasileira de Dislexia tem profissionais capacitados que têm exercido esta função de ledor ou assistente nas provas de vestibular e concurso público ou orientado as instituições de ensino e empresas interessadas.

É importante citar que estas condições diferenciadas devem ser solicitadas pelos interessados por ocasião de inscrição para o vestibular ou concurso público, além de apresentarem laudo conclusivo constando o diagnóstico de dislexia realizado por equipe multidisciplinar especializada.

Por:Maria Inez Ocanã De Luca, Psicóloga - Pós-graduada em Aprendizagem com foco em saúde
Mestre em Psicologia da Saúde, Especializada em Neuropsicologia
inez.deluca@dislexia.org.br

Fonte: http://www.dislexia.org.br/material/artigos/artigo034.htm

NEUROAPRENDIZAGEM UMA PEDAGOGIA INOVADORA

Artigo de Roberte Metring na revista Psique.

Uma vez que abundam, atualmente, informações a respeito da formação do sistema nervoso, em particular sobre o cérebro, e que, ainda assim, estamos pouco mais que engatinhando no aproveitamento dessas informações para as práticas pedagógicas e educacionais, é licito perguntar de que adianta saber disso tudo para as questões voltadas ao ensino? De que adiantam a neurociência e as pesquisas mais avançadas nos mostrarem como funcionamos, como aprendemos, o que o cérebro é capaz de fazer em determinada fase do desenvolvimento se não saímos da teoria para a prática, ou seja, se não utilizamos a academia para evoluir nos processos educacionais práticos?

Outra questão fundamental: é possivel que um professor, ou qualquer outra pessoa envolvida com as questões do binônio ensino-aprendizagem, possa fazer uso das informações trazidas pela Neuropsicologia (um ramo das Neurociências) sem passar por alguma especialização ou formação específica?

A resposta é simples ….

Assim ele abre a matéria publicada na revista PSIQUE Ciência & Vida nº 80, desse mês de Agosto/12, na sessão DOSSIÊ: NEUROAPRENDIZAGEM UMA PEDAGOGIA INOVADORA, às páginas 44-50. A revista já está nas bancas, e vale à pena a leitura

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Transtornos do desenvolvimento

Transtornos do desenvolvimento podem ser definidos como quaisquer entidades nosológicas ou eventos, de origem genética ou adquiridos até os primeiros meses de vida, que comprometam o desenvolvimento cerebral do indivíduo, podendo causar deficiências, físicas ou mentais, bem como restrições à funcionalidade e à participação social. Considero, então, que a deficiência mental, a paralisia cerebral, a epilepsia, os transtornos específicos de aprendizagem, bem como doenças mais graves, como a distrofia muscular progressiva tipo Duchenne e síndromes neurodegenerativas etc. constituem todos exemplos de TDs. As diversas manifestações neuropsicológicas dos transtornos do desenvolvimento podem ser agrupadas em síndromes caracterizadas por padrões recorrentes de dificuldades associadas, as quais refletem disfunções em componentes informacionais e circuitos neuronais específicos.

1) Deficiência mental: Na prática a síndrome de deficiência mental é operacionalizada como um QI abaixo de 80 (ou 70 em certos ambientes culturais) em que ocorre prejuízo ao funcionamento adaptativo independente do indivíduo. Apenas inteligência rebaixada não é suficiente para caracterizar deficiência mental. Há necessidade de haver comprometimento das funções adaptativas, principalmente da capacidade e auto-administrar sua vida, potencialmente e futuramente, no caso de crianças. Antigamente se atribuía a deficiência mental a um rebaixamento global da inteligência geral, o chamado fator g. Atualmente existem evidências de que diversas condições de origem genética ou adquirida podem comprometer as funções cognitivas e adaptativas de forma irregular, havendo funções mais comprometidas e funções relativamente preservadas. As especificidades determinadas por cada etiologia correspondem ao que se chama de fenótipo cognitivo ou comportamental. P. ex., um fenótipo específico caracterizado por atraso na aquisição da linguagem (hemisfério esquerdo) e agitação (lobo frontal) é observado em muitas condições com herança ligada ao cromossoma X, tais como a distrofia muscular progressiva tipo Duchenne. A síndrome de Klinefelter se associa também com disfunção do hemisfério esquerdo, sob a forma de dislexia. Na síndrome de Turner e no hipotireoidismo congênito tratado, por outro lado, ocorre um padrão de comprometimento da coordenação motora, habilidades visoespaciais, aritmética e cognição espacial que caracteriza o transtorno não-verbal de aprendizagem. Algumas das principais causas de deficiência mental são o alcoolismo materno entre as causas ambientais, a síndrome de Down entre as causas cromossômicas e a síndrome do sítio frágil no cromossoma X entre as causas genéticas. A avaliação neurocognitiva é importante, portanto, para caracterizar o fenótipo cognitivo ou comportamental.

2) Transtornos de aprendizagem: O termo transtorno de aprendizagem refere-se a transtornos específicos do desenvolvimento que se diferenciam da deficiência mental pelo comprometimento seletivo de determinados domínios do funcionamento e pela presença de QI normal e que são caracterizados em função da sua relação com as dificuldades de aprendizagem escolar. Ou seja, trata-se de transtornos do desenvolvimento em que a criança apresenta um QI na faixa da normalidade e que se manifesta por dificuldades de aprendizagem escolar em um domínio circunscrito como a leitura ou a aritmética.

 

3) Transtornos disexecutivos: Do ponto de vista cognitivo, uma série de transtornos de desenvolvimento se caracteriza por impulsividade e dificuldades com a auto-regulação. O transtorno do déficit de atenção por hiperatividade (TDAH) é diagnosticado pela presença de sintomas relacionados com impulsividade, hiperatividade e desatenção. Existem formas predominantemente impulsivas/hiperativas, predominantemente desatentas e mistas de TDAH. O TDAH apresenta comorbidade freqüente com transtorno desafiador opositivo (TDO) e transtorno de conduta (TC). TDO é denominação psiquiátricas para crianças que são desobedientes, rebeldes e desafiadoras. O TC é diagnosticado quando o TDO apresenta características persistentes e assume contornos mais graves. O TDAH junto com o TDO e o TC constituem o chamado grupo dos transtornos externalizantes do comportamento, ou seja, transtornos que se manifestam sob a forma de comportamentos manifestos, que assumem características perturbadoras do ambiente. Indivíduos com transtornos externalizantes apresentam déficits em funções executivas, tais como avaliadas por testes neuropsicológicos (Barkley, 2001). Mas os déficits neuropsicológicos não têm validade diagnóstica, as taxas de falsos negativos e positivos são muito altas. Uma explicação alternativa para a fisiopatologia do TDAH é considerá-lo como um transtorno dos processos de reforçamento e extinção, fazendo com que a janela temporal em que os reforçadores operam seja mais curta. O modelo comportamental caracteriza melhor a natureza do TDAH, uma vez que não se trata de um déficit cognitivo (o QI é normal) ou atencional (os dados sobre déficits atencionais no TDAH não são consistentes). As evidências neurobiológicas disponíveis sugerem que o TDAH representa uma variação de polimorfismos genéticos na transmissão dopaminérgicas em circuitos frontais córtico-subcorticais lateralizados para a direita. Disfunções executivas também fazem parte do quadro clínico de muitas doeças neurológicas tais como paralisia cerebral, algumas epilepsias, acidente vascular cerebral etc.

4) Atraso de aquisição da linguagem oral: O atraso na aquisição da linguagem é um dos principais sintomas de muitos transtornos do desenvolvimento tais como deficiência mental ou autismo. Mas existe um grupo de crianças com inteligência e socialização normal que apresentam o transtorno específico de desenvolvimento da linguagem oral (TEDLO), cuja principal dificuldade reside no domínio dos aspectos fonológicos da linguagem. Nas crianças com TEDLO ocorre a persistência de processos fonológicos que são normais em etapas anteriores do desenvolvimento, tais como as dislalias por troca (RATO -> /latu/) e por supressão (PRATO -> /patu/). Um subgrupo de crianças com TEDLO apresenta dificuldades na percepção dos sons da fala devido a um transtorno da decodificação temporal de séries de estímulos transitórios. O prognóstico é bom, mas as crianças com TEDLO apresentam risco de dificuldades de aprendizagem da leitura. A distrofia muscular progressiva tipo Duchenne é um exemplo de patologia genética em que pode ocorrer atraso no desenvolvimento da linguagem oral.

5) Dislexia específica de evolução: As etapas iniciais de aprendizagem da leitura em uma escrita alfabética exigem o domínio do princípio alfabético, ou seja, da capacidade de decodificar as relações sistemáticas entre grafemas e fonemas. Um contingente de crianças com inteligência normal apresenta dificuldades nas habilidades fonológicas de segmentar mentalmente as palavras nos seus fonemas constituintes de modo a estabelecer correlações com os grafemas pelos quais são representados na escrita. As dificuldades de decodificação fonológica também podem estar associadas a déficits na decodificação temporal de séries de estímulos transitórios e constituem a base fisiopatológica da dislexia específica de evolução. As dificuldades são persistentes e, à medida que as exigências escolares vão aumentando, começam a surgir dificuldades de interpretação de textos. O diagnóstico de dislexia não é incompatível com sucesso pessoal e profissional desde que os aspectos pedagógicos e socioemocionais sejam bem equacionados. Um exemplo de condição cromossômica onde ocorrem déficits relacionados ao hemisfério esquerdo é a síndrome de Klinefelter.

6) Transtorno não-verbal de aprendizagem: O transtorno não-verbal de aprendizagem (TNVA) é uma das síndromes neuropsicológicas do desenvolvimento menos conhecidas (Rourke, 1995). Trata-se de crianças que apresentam um padrão de comprometimento caracterizado por dificuldades de coordenação motora, nas habilidades visoespaciais e aritmética, na cognição social e na capacidade de fazer inferências. Na idade pré-escolar podem apresentar características comportamentais externalizantes como agitação e desobediência, mas na idade escolar e adolescência o comprometimento socioemocional muda para um padrão internalizante de depressão e ansiedade. As crianças com TNVA parecem ser ingênuas e desprotegidas, apresentam dificuldades com os aspectos pragmáticos da comunicação, ou seja, para desambiguar o contexto social, principalmente no que se refere à mecanismos de ironia, malícia etc. Tendem a fazer interpretações concretas. As dificuldades pragmáticas e não-verbais contrastam o desenvolvimento relativamente normal da fonologia, da sintaxe e da leitura. O discurso pode ser exuberante porém relativamente desprovido de conteúdo (“cocktail party speech”). Às vezes as crianças com TDAH podem parecer “verbosas”, sugerindo uma sobreposição de sintomas com a síndrome de Asperger. As dificuldades no TNVA podem ser atribuídas a disfunções da substância branca e/ou do hemisfério direito. Enquanto o hemisfério esquerdo se caracteriza por predomínio das conexões córtico-corticais de curta-distância que suportam um estilo analítico de processamento, no hemisfério direito predominam as conexões de longa-distância, relacionadas com o um processamento mais holístico. A disfunção do hemisfério direito é uma condição necessária e a disfunção da substância branca é necessária e suficiente para causar o TNVA. O TNVA caracteriza o fenótipo comportamental de muitas condições tais como síndrome fetal alcoólica, hidrocefalia congênita, síndrome de Turner, síndrome de Sotos, hipotireoidismo congênito precocemente tratado, seqüela de tratamento profilático para leucemia linfocítica aguda etc.

7) Discalculia específica de evolução: As discalculias, ou dificuldades de processamento numérico e para a aprendizagem de operações aritméticas, podem ocorrer por três mecanismos principais. As dificuldades podem ser de natureza de lingüística, consistindo de dificuldades para reconhecer, produzir ou transcodificar entre os vários sistemas de notação numérica, as quais refletem uma disfunção do hemisfério esquerdo. O segundo padrão é atribuído a dificuldades visoespaciais e se manifesta sob a forma de dificuldades para realizar operações sobre o valor posicional dos algarismos no sistema arábico de notação. As discalculias visoespaciais refletem tanto disfunções do hemisfério esquerdo quanto direito, mas são mais graves em conseqüência de comprometimentos à esquerda. Finalmente, existe um padrão de dificuldades conseqüente à incapacidade de representação analógica de grandezas, ou seja, um transtorno do desenvolvimento do conceito de número (anaritmia). A dificuldade de adquirir o conceito de número é causada por disfunções bilaterais do lobo parietal. Várias questões permanecem em aberto no estudo das discalculias do desenvolvimento, como suas relações com outros transtornos de aprendizagem tais como a dislexia, o TNVA e síndrome de Gerstmann do desenvolvimento (agnosia digital, desorientação direita-esquerda, disgrafia e acalculia). Algumas questões importantes de pesquisa: a) as dificuldades aritméticas no TNVA se devem a dificuldades visoespacial ou refletem a presença de uma anaritmia?; b) a síndrome de Gerstmann do desenvolvimento reflete disfunções do hemisfério esquerdo ou um padrão semelhante ao TNVA?

8) Autismo e síndrome de Asperger: O autismo e a síndrome de Asperger fazem parte do grupo dos transtornos invasivos do desenvolvimento, caracterizados por sintomas nas três áreas de dificuldades na interação social, comunicação e restrição do repertório comportamental/dificuldades com o comportamento lúdico e imaginativo. De modo simplificado pode-se dizer que o padrão neuropsicológico no autismo corresponde a um comprometimento do hemisfério esquerdo, caracterizado pelo fato de que mais de 50% das crianças com autismo não falam ou apresentam alterações graves no desenvolvimento da linguagem. O padrão de comprometimento na síndrome de Asperger, por outro lado, reflete uma disfunção do hemisfério direito, fazendo parte do TNVA. A natureza das dificuldades primárias no autismo e síndrome de Asperger é um assunto controverso. É geralmente aceito que os padrões qualitativamente distintos de interação social nos indivíduos autistas podem ser atribuídos a dificuldades com a construção de representações reflexivas, de ordem superior, dos próprios estados mentais e dos estados mentais alheios (teoria da mente). As discussões dizem respeito aos mecanismos do déficit: se refletem um déficit congênito em módulo da cognição social implementado pelo córtex temporal superior, amígdala e lobo frontal ou se derivam de uma disfunção executiva que prejudica o desenvolvimento de representações de estados mentais na interação com o ambiente social.

Fonte: http://npsi-reha.blogspot.com.br/2006/09/transtornos-do-desenvolvimento.html

Para saber mais adquira o livro Transtornos e dificuldades de aprendizagem: entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais. Org. Simaia Sampaio e Ivana Braga, Editora WAK.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jogo para disléxicos e para alfabetizandos

De Simaia Sampaio

IMG00688Criei este jogo para trabalhar com crianças com dislexia, autistas e outros que não tem motivação para aprender a ler.

1 tabuleiro feito no word e impresso em papel grosso e plastificado com início e final.

2 pinos que poderão ser aproveitados de outro jogo.

1 dado contendo somente os números 1,2 e 3, que poderá ser feito, se não tiver.

Fichas de palavras feitas no word: palavras com ch, palavras com qu / gu, palavras monossilábicas com, sem, nem, por, com, da, não, sim, em, sem etc. identificar a dificuldade da criança e fazer as fichas. Poderá fazer com frases também.

Joga o dado e desvira a palavra para ler. Se acertar a leitura, anda a quantidade que tirou no dado. Uma vez de cada.

Poderá valer figurinha ou adesivo como prêmio.

Espero que gostem, as crianças gostam muito da diversão.

Simaia.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Síndrome de Asperger

 

Depoimento de dois portadores da Síndrome de Asperger que só descobriram o diagnóstico na adolescência.

 

Sobre a Síndrome de Asperger no fantástico

Síndrome de Asperger

hansasp1.jpgHans Asperger (pronuncia-se ásperguer) nasceu em 18 de Fevereiro de 1906 em uma fazenda nos arredores de Viena. Ele era o mais velho de dois irmãos. Ainda muito novo, mostrou talentos especiais com a linguagem e, nos primeiros anos de escola, era conhecido por recitar o poeta austríaco Franz Grillparzer.

Tinha dificuldade em fazer amigos e era considerado "distante" mas, na juventude, nos anos 1920, formou amizades que duraram por toda a sua vida. Formou-se em Medicina em 1931 e assumiu a direção da estação ludo-pedagógica na clínica infantil da universidade em Viena, em 1932. Casou-se em 1935 e teve cinco filhos. Desde 1934 esteve envolvido com a clínica psiquiátrica, em Leipzig.

       Hans Asperger

Asperger publicou a primeira definição da síndrome, em 1944, em um artigo sob o título "psicopatia autista, uma desordem de personalidade. Ele identificou um padrão de comportamento e habilidades peculiares, principalmente em meninos. O padrão incluía: "falta de empatia, capacidade reduzida para relacionamentos sociais e conversas, comportamento solitário, profunda ligação com interesses especiais e movimentos desajeitados."

Asperger chamou os seus pacientes de “pequenos professores" em virtude do vasto conhecimento em assuntos de seu interesse.

A Síndrome de Asperger

Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja a mesma coisa que autismo de alto funcionamento, isto é, com inteligência preservada. Outros acreditam que no autismo de alto funcionamento há atraso na aquisição da fala, e na Síndrome de Asperger, não.
Por um lado, para algumas pessoas dizer, que alguém é portador de Síndrome de Asperger parece mais leve e menos grave do que ser portador de autismo, mesmo que de alto funcionamento – embora isto seja provavelmente uma ilusão.

A Síndrome de Asperger é um distúrbio do espectro do autismo, que só foi reconhecido em 1984. Por esse motivo, as pessoas que desenvolveram a doença antes desta data, eram vistas como esquizofrênicas, depressivas ou doentes mentais. Na sequência é apresentada a cronologia do reconhecimento da Síndrome de Asperger:

  • Foi reconhecida como patologia e denominada Síndrome de Asperger em 1981

  • Em 1994, foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID.10), pela OMS

  • Está classificada sob o registro número F84.5 – Síndrome de Asperger

 

Síndrome de Asperger – CID-10

Um transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado pelo mesmo tipo de anormalidades qualitativas de interação social recíproca que tipifica o autismo, junto com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O transtorno difere do autismo primariamente por não haver nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem. A maioria dos indivíduos é de inteligência global normal, mas é comum que seja marcadamente desajeitada; a condição ocorre predominantemente em meninos (em uma proporção de cerca de oito garotos para uma menina). Parece altamente provável que pelo menos alguns casos representem variedades leves de autismo, mas é incerto se é assim para todos. Há uma forte tendência para que as anormalidades persistam na adolescência e na vida adulta e parece que elas representam características individuais que não são grandemente afetadas por influências ambientais. Episódios psicóticos ocasionalmente ocorrem no início da vida adulta.

Diretrizes Diagnósticas: O diagnóstico é baseado na combinação de uma falta de qualquer atraso global clinicamente significativo no desenvolvimento da linguagem ou cognitivo, como com o autismo, a presença de deficiências qualitativas na interação social recíproca e padrões de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados. Poe haver ou não problemas de comunicação similares àqueles associados ao autismo, mas um retardo significativo de linguagem excluiria o diagnóstico.

Inclui:

  • psicopatia autista
  • transtorno esquizóide da infância

Exclui:

  • transtorno de personalidade anancástica (F.60.5)
  • transtorno de vinculação na infância (F.94.1;F94.2)
  • transtorno obsessivo-compulsivo (F42.__)
  • transtorno esquizotípico (F21)
  • esquizofrenia simples.

c) Síndrome de Asperger - DSM-IV

Características Diagnósticas: As características essenciais do Transtorno de Asperger são um prejuízo severo e persistente na interação social (Critério A) e o desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades (Critério B) (Consultar p. 66, em Transtorno Autista, para uma discussão acerca dos Critérios A e B). A perturbação deve causar prejuízo clinicamente significativo nas áreas social, ocupacional ou outras áreas importantes de funcionamento (Critério C). Contrastando com o Transtorno Autista, não existem atrasos clinicamente significativos na linguagem (isto é, palavras isoladas são usadas aos 2 anos, frases comunicativas são usadas aos 3 anos) (Critério D). Além disso, não existem atrasos clinicamente significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e curiosidade acerca do ambiente na infância (Critério E). O diagnóstico não é dado se são satisfeitos critérios para qualquer outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento específico ou para Esquizofrenia (Critério F).

Características e Transtornos Associados: O Transtorno de Asperger é observado, ocasionalmente, em associação com condições médicas gerais que devem ser codificadas no Eixo III. Vários sintomas ou sinais neurológicos inespecíficos podem ser observados. Os marcos motores podem apresentar atraso e uma falta de destreza motora em geral está presente.

Prevalência: As informações sobre a prevalência do Transtorno de Asperger são limitadas, mas ele parece ser mais comum no sexo masculino.

Curso: O Transtorno de Asperger parece ter um início mais tardio do que o Transtorno Autista, ou pelo menos parece ser identificado apenas mais tarde. Atrasos motores ou falta de destreza motora podem ser notados no período pré-escolar. As dificuldades na interação social podem tornar-se mais manifestas no contexto escolar. É durante este período que determinados interesses idiossincráticos ou circunscritos (por ex., fascinação com horários de trens) podem aparecer e ser reconhecidos como tais. Quando adultos, os indivíduos com a condição podem ter problemas com a empatia e modulação da interação social. Este transtorno aparentemente segue um curso contínuo e, na ampla maioria dos casos, a duração é vitalícia.

Padrão Familia: Embora os dados disponíveis sejam limitados, parece existir uma freqüência aumentada de Transtorno de Asperger entre os membros das famílias de indivíduos com o transtorno.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Identificando o autismo

 

Dois vídeos muito completos esclarecendo sobre autismo e os níveis, com imagens

Parte I fala sobre as características

 

A parte 2 fala sobre testes para identificar o autismo

Os diferentes graus de autismo - parte2. Vídeo-documentário da Fundação Filantrópica Veronica Bird (Veronica Bird Charitable Foundation).

Diagnóstico Precoce do autismo

 

Eis aqui um filme muito esclarecedor que deve ser visto por todas os pais e especialistas, pois trata da observação de bebês que dão sinais desde muito cedo e como é possível fazer uma intervenção precoce para remediar os sintomas do autismo.

Artes marciais para autismo?!

Pois é! Estudo recente da Universidade de Isfahan, no Irã, analisou os efeitos de 14 semanas de treinamento em técnicas de Kata sobre os comportamentos estereotipados de crianças com transtornos do espectro autista (ASD). O estudo incluiu 30 crianças com ASD com idades entre 5 a 16 anos. A amostra foi dividida em dois grupos, havendo um grupo realizado os exercícios (n = 15) e um grupo controle de não-exercício (n = 15).

Os participantes do grupo de exercícios recebeu instruções sobre as técnicas de Kata quatro vezes por semana durante 14 semanas (56 sessões). As estereotipias foram avaliadas no início (pré-intervenção), na semana 14 (pós-intervenção), e após um mês de acompanhamento nos dois grupos.

Os resultados mostraram que o treinamento em técnicas de Kata reduziu significativamente as estereotipias no grupo de exercícios. Após a participação no treinamento em técnicas de Kata, as estereotipias diminuíram em média 42,54% nos participantes. Curiosamente, após 30 dias sem realizar o treinamento, as estereotipias no grupo de exercício permaneceu reduzida significativamente em comparação com a época pré-intervenção. Os participantes do grupo controle não mostraram alterações significativas nas estereotipias.

Como sabemos, atividades físicas são importantes para todo mundo e as pessoas com autismo também se beneficiam disso. O site "Autismo na Rede" postou recentemente em seu blog um comentário sobre um estudo que demonstrou a eficácia dos chamados "Exergames" sobre as estereotipias do autismo. Agora sabemos que ensinar técnicas de artes marciais para crianças com ASD por um longo período de tempo pode diminuir de modo duradouro os seus comportamentos estereotipados. O que não sabemos é se há algo particular no treino em artes marciais que o torne superior a outras atividades. Além disso, a prática de atividade física não prescinde outras intervenções que objetivem melhorar as dificuldade sociocomunicativas das pessoas com autismo.

Referência:
Bahrami F, Movahedi A, Marandi SM, Abedi A. Kata techniques training consistently decreases stereotypy in children with autism spectrum disorder. Res Dev Disabil. 2012 Jul;33(4):1183-93. [Link]

domingo, 5 de agosto de 2012

Hiperatividade – tratamentos alternativos

 

O QUE É A HIPERATIVIDADE?

A hiperatividade, denominada na medicina de desordem do déficit de atenção, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança.

O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar adequadamente os símbolos e idéias que surgem, estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. Também pode estar relacionado a paralisia cerebral, intoxicação por chumbo, abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o nascimento. Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento antes de tratar a hiperatividade da criança.

O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais.

Para a criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo - muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.

A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.

Um especialista em comportamento infantil pode ajudá-lo a distinguir entre a criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. As crianças até mesmo as menores podem correr, brincar e agitar-se felizes durante horas sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente - e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa - é importante que seu filho receba um diagnóstico preciso.

Durante a primeira ou a segunda consulta médica, a criança hiperativa pode ser comportar de forma quieta e educada. Sabendo o que é esperado, pode se transformar em uma criança "modelo". Esteja preparado para descrever, de forma precisa e objetiva, o comportamento do seu filho em casa e nas atividades sociais. Se seu filho está encontrando dificuldade na escola, peça ao professor que converse com o médico ou envie-lhe um relatório por escrito. Pode ser preciso várias consultas antes que o comportamento hiperativo torne-se aparente. Não se preocupe. Um especialista em crianças, geralmente, pode realizar um diagnóstico preciso.

Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível, em casa, na escola, e com os amigos. Lembre-se sempre de que seu filho está lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Explique, se preciso for, mas não se sinta envergonhado ou culpado quando seu filho não se comportar bem.

Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração. É preciso muita paciência - e vigor - para amar e apoiar a criança hiperativa em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa estão sempre preocupados e atentos, sempre "em alerta". Conseqüentemente, é fácil sentirem-se cansados, abatidos e frustrados, às vezes. É de importância vital para os pais da criança hiperativa serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado, além de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho.

TRATAMENTO CONVENCIONAL

Antes de qualquer tratamento, um exame físico deve se feito para descartar outras causas para o comportamento do seu filho, tais como infecção crônica do ouvido médio, sinusite, problemas visuais ou auditivos ou outros problemas neurológicos.

O metilfenidato é o medicamento mais comumente receitado para hiperatividade. É um estimulante que tem efeito paradoxal de acalmar o sistema nervoso e aumentar a capacidade da criança hiperativa de prestar atenção. Contudo, não deixe de verificar com seu médico antes de parar de dar esse medicamento a seu filho.

A tioridazina é um tranqüilizante ao qual se pode recorrer se a criança for extremamente agressiva e, nesse caso, apenas nas situações mais difíceis.
Na maioria das circunstâncias, o medicamento para a hiperatividade pode ser interrompido durante o verão e retomado quando as aulas começarem novamente, após as férias. Essa conduta pode limitar alguns dos efeitos colaterais prolongados desses medicamentos. Após um verão sem medicamento, talvez seja útil deixar que seu filho freqüente as primeiras semanas de aula sem qualquer medicação. Considere esse período como um teste para determinar se seu filho pode passar sem o medicamento. (Converse sempre com seu médico antes de descontinuar qualquer tratamento, durante qualquer período de tempo).

DIRETRIZES ALIMENTARES

Antes de experimentar qualquer tratamento comece eliminando o açúcar refinado e os aditivos da dieta do seu filho. Leia os rótulos cuidadosamente e elimine alimentos processados que contenham corantes, flavorizantes, adoçantes e conservantes, relacionados comumente como benzoatos, nitratos e sulfitos. Os aditivos de alimentos comuns também incluem silicato de cálcio, BHT, BHA, peróxido de benzoíla. emulsificantes, espessantes, estabilizantes, gomas vegetais e amido.

Os salicilatos muitas vezes têm implicação na hiperatividade. É mais difícil eliminá-los da dieta; ocorrem naturalmente além de serem usados como aditivos. Uma série de frutas e hortaliças conhecidas contêm salicilatos, inclusive amêndoa, maçã, damasco, banana, cereja, uva, limão, melão, nectarina, laranja, pêssego, ameixa, ameixa-seca, passa, framboesa, pepino, ervilha, pimentão-verde, pimenta-malagueta, picles e tomate.

Segundo um estudo citado no periódico Pediatrics, mais de 50% das crianças hiperativas demonstraram menos problemas comportamentais e tiveram menos problemas de sono quando seguiram uma dieta restrita. A dieta ideal não continha aditivos artificiais e químicos, chocolate, glutamato monossódico, conservantes e cafeína.

SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS

Um suplemento líquido de cálcio e magnésio é calmante para o sistema nervoso. Após ter eliminado os conservantes e o açúcar da dieta do seu filho, dê-lhe esse suplemento. As crianças de cinco a sete anos devem tomar uma colher de chá, uma vez ao dia. Crianças com mais de dez anos devem tomar uma colher de sopa, uma ou duas vezes a dia. Siga esse regime durante dois meses, depois diminua a dose para cinco dias por semana durante três meses. Em seguida, pare de dar o suplemento.

A colina aparentemente melhora a memória e a atenção de algumas crianças. Se seu filho tiver quatorze anos ou mais, experimente dar-lhe 500 miligramas por dia durante um mês.
Um suplemento líquido do complexo B é muito importante para crianças hiperativas. Ajuda a relaxar o sistema nervoso estressado e melhorar o funcionamento mental e a concentração. Siga as orientações sobre dosagem indicadas na bula e dê a dose recomendada durante dois meses. Depois, diminua a dose para cinco dias por semana durante três meses. Em seguida, pare de dar o suplemento.

TRATAMENTO FITOTERÁPICO

O chá de camomila é sabidamente relaxante. Dê ao seu filho uma dose na hora de dormir, conforme necessário.

O bupleuro é uma fórmula fitoterápica chinesa que relaxa o sistema nervoso e pode ajudar a aliviar o estresse. Dê ao seu filho uma dose diária durante um mês, seguida de aveia brava durante um mês.
Observação: O bupleuro não deve ser dado a crianças com febre ou qualquer outro sinal de infecção aguda.

A escutelária é relaxante e acalma a mente. Dê ao seu filho uma dose, três vezes por semana, durante três meses.

Observação: Essa erva não deve ser dada a crianças com menos de seis anos.
A aveia brava acalma o sistema nervoso. Dê ao seu filho uma dose diária durante um mês.
Certas essências botânicas podem acalmar a criança hiperativa. Misture uma gota de óleo de alecrim, sálvia, lavanda e camomila em 1/8 de xícara de azeite de oliva e use esse óleo aromático para esfregar os pés e coluna do seu filho na hora de dormir. Os índios norte-americanos usavam, tradicionalmente, o alecrim e a sálvia para relaxar a mente.

HOMEOPATIA

É melhor consultar um homeopata para determinar um remédio constitucional para a criança hiperativa. Contudo, os remédios a seguir ajudarão a aliviar os sintomas. Independente do remédio que escolher, a menos que indicado de outra forma, tente dar ao seu filho uma dose, três vezes ao dia, durante cinco dias. Faça isso mês sim, mês não, durante seis meses.

Para a criança magra, excitada, ansiosa e sempre apressada, useArgentum nitricum 9ch. Essa criança adora doce, que afeta seu comportamento de forma adversa. Pode ser suscetível e ter conjuntivite e amigdalite. Essa criança tem medo de multidão e não gosta de ir a lugares públicos, inclusive à escola. Prefere ficar ao ar-livre.

Calcarea phosphorica 9ch é benéfico para a criança endiabrada, geralmente do sexo masculino, inquieta, tímida e medrosa, mas que adora correr riscos e fazer traquinagens. Essa criança tende a ter gases abdominais, tem um abdome levemente proeminente e poder ter amígdalas aumentadas.

Se seu filho inquieto acalma-se tão logo é chamado à atenção, dê-lheChamomilla 9ch. Esse tipo de criança pode se tornar tão hiperativa que ficará exausta e começará a chorar.
Observação: Não dê ao seu filho Chamomilla da homeopatia e chá de camomila ao mesmo tempo. Um anulará o outro. Para atingir o efeito calmante da camomila, escolha uma forma ou outra.

Kali bromatum 9ch para a criança irrequieta que está constantemente fazendo algo com as mãos - jogando bola, brincando de bola de gude, de aviãozinho. Se não tiver nenhum brinquedo na mão, essa criança estala os dedos. As mãos da criança que toma Kali bromatum nunca estão sossegadas.

Lycopodium 9ch para a criança que está mais cansada, mais inquieta e irritada entre 4:00 e 8:00 da noite. Cansada ou não, essa criança não quer sentar-se à mesa do jantar, mas quer comer. Essa criança aparenta mais idade e tem geralmente uma inteligência acima da média.
Uma dose de Medorrhinum 1M ajudará a criança irritada, agitada e apressada. Essa criança pode ter tido assadura quando bebê e, posteriormente, erupções cutâneas e asma.
Stramonium 30d é para a criança com séria hiperatividade e possível agitação violenta. Sua voz é alta e sua fala é rápida, possivelmente incoerente.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

Elimine conservantes e açúcar da dieta do sei filho. É o mais importante e primordial a fazer pela criança hiperativa. Para melhorar ainda mais, siga todas as recomendações sob Diretrizes Alimentares.
Dê ao seu filho um suplemento líquido de cálcio e magnésio.
Dê ao seu filho a erva chinesa bupleuro.
Escolha um remédio homeopático específico para o sintoma do seu filho. Se não estiver satisfeito com os resultados, consulte um homeopata para descobrir um remédio constitucional.

Busque terapia e experimente modificação comportamental. Essas disciplinas ajudam a criança a entender o problema contra o qual está lutando, a estabelecer metas e padrões e reconhecer e avaliar seu comportamento. Podem ser de grande valia. Esses programas ensinam controles internos que podem ser usados em várias situações. Seu filho aprenderá a oferecer recompensas pelos seus feitos e aprenderá a partir dos seus erros. Coopere com seu médico ou terapeuta para desenvolver programas de modificação comportamental. É importante que o programa seja claro, facilmente entendido e facilmente executado por todos que dele participam - pela criança bem como pelos adultos. É essencial que essas intervenções sejam realizadas com cautela e boa vontade, em um ambiente calmo e carinhoso. A criança deve participar com disposição. Certifique-se de que os dois tenham entendido que esses programas objetivam ajudar e não punir.

Desenvolva uma rotina estável em casa. Para diminuir a confusão e a quantidade de estímulos diários, defina horários específicos para comer e dormir.
Experimente atribuir uma tarefa pequena e rápida e insista delicadamente para que seja concluída. Em seguida, não deixe de agradecer e elogiar seu filho quando a tarefa tiver sido concluída.

Faça com que a criança participe de projetos que ela goste para ajudá-la a concentrar-se. Aprender a concentrar-se alterará sua resposta ao mundo, gradativamente. Lembre-se sempre de que, além de ter um desequilíbrio do sistema nervoso que transforma em tortura o simples ato de permanecer sentado, a criança hiperativa e inteligente entedia-se facilmente. Coopere com seu filho para ajudá-lo a realmente concluir um projeto. Concluir um projeto oferecerá uma ideia de competência e maior auto-estima. O domínio e conclusão de uma tarefa requer elogio.

Busque terapia para você e seu cônjuge. Para ajudar a diminuir os sentimentos de frustração e isolamento, os pais da criança hiperativa precisam de informação e apoio. Busque auxílio; certamente encontrará. Você aprenderá a apoiar seu filho e a ficar calmo e próximo, mesmo quando a situação parecer fora de controle. Você também aprenderá que é importante que os pais tirem férias sem se sentirem estressados ou culpados por deixarem uma criança "difícil" com outras pessoas competentes.

Nunca é demais enfatizar a necessidade dos pais terem uma folga. Tire uma tarde, uma noite ou um fim de semana. Entre em contato com uma pessoa que possa tomar conta do seu filho. Ligue para seus pais e amigos.
Se você não fizer isso para o seu próprio bem, faça por seu filho. Provavelmente você voltará se sentindo renovado, mais calmo e carinhoso.

PREVENÇÃO

Durante a gestação, mantenha a exposição a chumbo ambiental ao mínimo possível e elimine álcool. Os dois tem sido relacionados à hiperatividade.
Não deixe que seu filho se exponha ao chumbo. As fontes mais comuns de exposição ao chumbo são tinta à base de chumbo, água potável e cerâmica mal esmaltada.

ALGUNS FATOS SOBRE A HIPERATIVIDADE

Embora muitos pais de crianças enérgicas perguntem aos médicos sobre a hiperatividade, ela não é problema comum. De acordo com um artigo publicado no British Journal of Psychiatry, apenas 3% das crianças são realmente diagnosticadas com a desordem do déficit de atenção.
A hiperatividade é dez vezes mais comum nos meninos do que nas meninas.
A causa ou causas exatas da hiperatividade são desconhecidas. A comunidade médica teoriza que a desordem pode ser resultado de fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora do parto ou depois do parto; ou um defeito no cérebro ou sistema nervoso central, resultando no mau funcionamento do mecanismo responsável pelo controle das capacidades de atenção e filtragem de estímulos externos.
Metade das crianças hiperativas têm menos problemas comportamentais quando seguem uma dieta livre de substâncias como flavorizantes, corantes, conservantes, glutamato monossódico, cafeína, açúcar e chocolate.

Fonte: www.saudeinformacoes.com.br/bebe_hiperatividade.asp

Estímulos cerebrais na dose certa

Autora: Simaia Sampaio

“Como uma floresta, o cérebro está ativo algumas vezes, quieto outras, mas sempre cheio de vida. Semelhante à selva o cérebro tem regiões distintas para lidar com várias funções mentais, tais como pensar, sexualidade memória, emoções respiração e criatividade. Ambos, as plantas e animais e a rede de neurônios funcionam tanto de forma competitiva como cooperativa, respondendo aos desafios do ambiente. A lei da selva como a do cérebro é a sobrevivência.”

Gerald Edelman

Sempre tivemos uma certa curiosidade em saber como funciona “nossa cachola” mais precisamente ele, o cérebro, que é o responsável por todas as ações voluntárias tais como: falar, mexer os dedos, correr; bem como pelas ações involuntárias como a respiração, por exemplo.

Ao olharmos uma pessoa, não nos damos conta de quão importante é esta empresa cujos trabalhadores são as células nervosas que processam as informações, para que o cérebro trabalhe direitinho. Não podemos nos tornar Psicopedagogos sem ter uma noção básica sobre o cérebro já que, certamente, iremos nos deparar com situações que exigirão certo conhecimento.

Para que o cérebro desenvolva todo seu potencial é preciso que seja estimulado. Nos primeiros anos de vida esta estimulação garante o desenvolvimento das fibras nervosas capazes de ativar o cérebro e dotá-lo de habilidades.

O que pretendemos mostrar neste trabalho é a importância da estimulação na dose certa, de forma direcionada e responsável, sem os excessos a que estão expostas as crianças nos dias de hoje.

Este órgão, parecido com uma noz gigante, controla todo o nosso corpo, e é por isso que devemos dar uma atenção especial a ele, mesmo antes do nascimento, pois, existem doenças que são diagnosticadas e tratadas mesmo na vida intra-uterina como é o caso da hidrocefalia, do contrário, doenças poderão comprometer seriamente a aprendizagem do indivíduo.

Um bebê recém-nascido possui mais ou menos um quarto da massa cerebral de uma pessoa adulta. Ele já possui quase todos os neurônios que usará para o resto da vida, afinal, os neurônios, assim como nós, também crescem.

É por isso que os estímulos são importantes, porém, se forem direcionados e intencionais. Um móbile musical no berço, por exemplo, tem como objetivo desenvolver a percepção visual e auditiva do bebê. Estudos mostram que o bebê ainda no ventre da mãe já reage ao ouvir uma música e esta deve ser preferencialmente lenta tendo a intenção de deixa-lo tranqüilo. Um bebê necessita de estímulos que o ajudarão a ter um desenvolvimento normal e sadio. É importante que as pessoas conversem com o bebê, sorriam, brinquem com cores e formas diversas, o deixem explorar o ambiente ao engatinhar tirando objetos perigosos do seu alcance.

O cérebro responde bem a estímulos desde que somos criança e é na infância o período que ele funciona melhor, pois, está a pleno vapor. Aos dois anos o cérebro está em uma importante fase de evolução, portanto, é hora de falar bastante com o bebê para enriquecer seu vocabulário, já que, segundo Piaget, é nesta fase que ele começa a traduzir o pensamento em frases e a misturar as palavras segundo um processo mental lógico. Nunca é tarde para aprendermos coisas novas, porém a melhor fase para uma pessoa aprender uma segunda língua, por exemplo, é até os dez anos de idade possuindo grande chance de que o idioma seja falado sem sotaque.

O quadro abaixo mostra a idade ideal para que a criança inicie novas aprendizagens, não significando, contudo, que se ultrapassada esta fase a criança ou o adulto não terá mais condições de aprender; ela poderá aprender sim, porém, seu esforço será maior.

Períodos cruciais da infância:

image

Até algum tempo atrás os neurocientistas acreditavam que, completado o seu desenvolvimento, o cérebro não mudava mais, particularmente em relação aos neurônios; que os neurônios não se reproduziam mais, nem sofriam mudanças nas estruturas de conexão com outros neurônios. Acreditavam ainda, que as vítimas de derrame ou tumores não recuperavam as funções das partes lesionadas do cérebro. Entretanto hoje já se sabe que não é bem assim. A neuroanatomista americana Drª Marian Diamond realizou experiências com ratos capazes de demonstrar que aqueles que foram criados em um ambiente enriquecedor, com estímulos como brinquedos, bolas, rodas, escadinhas e rampas desenvolviam um córtex cerebral mais espesso do que aqueles criados em um ambiente mais limitado, ou seja, sem brinquedos ou isolados. O aumento da espessura do córtex era devido ao aumento de ramificação de dendritos e das interconexões com outras células (sinapses).

Segundo pesquisas recentes, o crescimento de outros neurônios também aparece no hipocampo (região cerebral ligada à memória e à aprendizagem). Conclui-se, portanto que em ambientes enriquecedores há maior crescimento de dendritos, aumentando o número de sinapses e melhorando a aprendizagem.

http://www.epub.org.br/cm/n11/mente/eisntein/rats-p.html

image

Neurônios “exercitados” possuem um número muito maior de ramificações (dendritos) se comunicando com outros neurônios. A sinapse pode ocorrer de várias formas: dendrito com axônio, axônio com axônio, axônio com corpo celular.

A sinapse é uma microscópica fenda altamente especializada da comunicação entre células nervosas, que transmitem impulsos ao longo de sus fibras. A membrana pré-sináptica da célula libera neurotransmissores que levam o impulso de energia-informação. Ao cair na fenda que é o espaço comum às duas células, as moléculas provocam a excitação da membrana da célula em contato sináptico com ela, onde portões se abrem para haver a troca de cargas elétricas positivas e negativas. Uma única célula pode mandar, através de sinapses, impulsos para até mais de 10 mil outras células, simultaneamente.

http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/cerebro/cerebro.html

Os estímulos apropriados nos primeiros anos de vida são de extrema importância. As experiências da infância irão determinar se uma criança será um adulto mais inteligente ou menos inteligente, se será medroso ou não etc. O ambiente pode influenciar na maneira como o cérebro será ativado para funções como matemática, linguagem, música. Se o cérebro não receber estímulos apropriados durante este período, será muito difícil se reativar por si mesmo, embora não impossível.

Deve-se ter cuidado pra os excessos, tudo deve ser na medida certa. Um clima positivo, sem ameaças possui grande poder de aprendizagem. Quando as emoções são bloqueadas podem causar stress, doença ou depressão. Somos mais seres emocionais do que cognitivos, segundo Eric Jensen, escritor e conferencista internacional.

Pessoas que praticam algum exercício mental como pintar, tocar instrumento, ensinar, fazer palavras cruzadas dentre outros, demoram mais para se esquecerem das coisas, principalmente, quando chegam na terceira idade. A doença de Alzheimer, por exemplo, aparece em cerca de 20% da população com mais de 80 anos, caracterizando-se por inúmeras alterações patológicas dos neurônios e pela morte maciça de células provocando a perda de memória e outras deteriorações do comportamento e da personalidade. Este quadro pode ser amenizado ou evitado quando o indivíduo é submetido a atividades que exijam o constante exercício da memória.

As emoções e o equilíbrio psicológico também dependem de exercícios cerebrais. O sistema límbico é o principal centro ativado para estas funções. Esta usina das emoções funciona bem ou mal de acordo com o combustível que recebe. Um elogio a uma criança que acertou o problema de matemática, por exemplo, estimula e fortalece as conexões do sistema límbico.

As atitudes futuras da criança dependem muito da qualidade que envolve razão e emoção. Um abraço e palavras de estímulo à criança que caiu da escada podem fazer a diferença, ajudando-a a controlar suas emoções e futuramente saber sair-se bem de situações difíceis.

Há casos em que a deterioração parcial do desenvolvimento da linguagem está associada, em certos casos, com a perda temporária de audição devido a infecções na infância, como é o caso da otite, justamente no período em que está se iniciando o processo de descoberta da linguagem. Isto prejudica, sobremaneira, o curso normal do desenvolvimento implicando em dificuldades na aprendizagem.

A audição é apenas um dos diversos sentidos de comunicação com o mundo. Podemos perceber o mundo através de outros canais como a visão, olfato, gustação, tato.

Estes sentidos são fornecidos através de alguns de nossos órgãos que possuem células especializadas convertendo as mensagens de luz, som, imagens, cheiro, sabor, dor, em códigos compreensíveis para o cérebro, ou sinais elétricos que são registrados pelo cérebro e através de suas células mandam respostas de volta ao ambiente.

A interação destas mensagens e respostas irá determinar nossa sobrevivência, experiências e evolução do mundo, permitindo percebermos o perigo, ou ter idéias extraordinárias como algumas que marcaram a nossa história, como a ida do homem à lua, a criação do avião ou a construção de genes humanos.

A diversidade cultural do ambiente provoca mudanças no cérebro. Novos ramos de células interconectados são adicionados e ampliados em resposta à experiência e à aprendizagem. O comportamento humano também e remodelado, para que o ser possa adaptar-se ao novo.

Assim, após breve estudo a respeito do sistema nervoso, podemos concluir que devemos propiciar à criança um ambiente sensorialmente enriquecedor, causando, assim, um impacto cognitivo significativo sobre a criança, seja ela ainda bebê ou mais crescida. Por isso é tão importante que a educação seja ministrada em um ambiente saudável recheado de cores, músicas, exercícios corporais e mentais, dramatizações, jogos e isto vale também para um consultório psicopedagógico onde a criança, certamente, sentir-se-á bem. Este ambiente positivo será um estímulo para uma aprendizagem mais significativa.

Bibliografia

MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. 2ª edição, Atheneu, São Paulo-SP, 1987.

GANONG,Willian F. Fisiologia Médica. 5ª edição, Atheneu, São Paulo-SP, 1989.

Fonte: www.psicopedagogiabrasil.com.br

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Transtorno Bipolar na Infância

A infância é uma época estratégica da vida do ser humano. É quando se dá um grande desenvolvimento físico, psicológico e mental, concomitantemente ao aprendizado básico indispensável para todos os que se seguirão por toda vida.

A relevância da observação dos comportamentos e aquisições intelectuais da criança e do adolescente feita por pais e professores é imensa, mas não substitui uma avaliação médica e de especialistas em diferentes áreas, quando estes comportamentos fogem da freqüência e intensidade usuais.

Até alguns anos atrás, poucas eram as doenças mentais reconhecíveis na infância. Com o aumento das pesquisas e o incremento de estudos científicos, os diagnósticos de vários transtornos psiquiátricos em crianças e adolescentes tornaram-se possíveis e decorrentes dessa nova condição. Aparentemente, os casos se multiplicaram numericamente e se fizeram mais conhecidos pela população em geral.

Entre esses, o Transtorno do Déficit da Atenção, com ou sem hiperatividade (TDA/H) e o Transtorno do Humor Bipolar (THB) têm sido objeto de muitos estudos em vários países, pois ocasionam forte impacto sobre a vida escolar, pessoal, familiar e mais tarde profissional do paciente, especialmente quando não devidamente diagnosticados e tratados por equipes de profissionais especializados.

O TDA/H, hoje muito comentado em função da amplitude da divulgação na imprensa, é um exemplo. Conhecido dos médicos há várias décadas, com o advento das especializações, como por exemplo a psicopedagogia, passou a ser objeto de estudo multidisciplinar e os resultados dos tratamentos têm sido, em sua grande parte, de enorme valia, tanto para os pacientes, como para suas famílias e a sociedade.

Os prejuízos decorrentes da falta de diagnóstico e do acompanhamento médico e psicopedagógico vão do fracasso escolar à evasão, da baixa auto-estima à depressão, da rejeição do grupo ao isolamento, às drogas, à gravidez precoce, à promiscuidade sexual e marginalização, entre outras.

Infelizmente, a especulação por parte de alguns profissionais não credenciados para tal avaliação, ou ainda, diagnóstico feito por pessoas leigas, tem trazido mais problemas aos que já sofrem com esse transtorno. Generalizou-se, irresponsavelmente, por exemplo, chamar de TDA/H a toda e qualquer manifestação de inquietação, distração ou falta de limite que as crianças e jovens apresentem na escola ou em casa. Como conseqüência, casos em que o transtorno não existe de fato aparecem em toda parte, banalizando um problema sério e de grande repercussão sobre a vida dos pacientes reais e sua família. Estes falsos diagnósticos são geralmente feitos à base de “achismos” como o preenchimento de questionários ou testes sem qualquer base científica ou mesmo ao sabor das conveniências pessoais de alguns adultos, que pensam dela tirar proveito, seja para justificar uma educação deficiente em limites, normas e atenção à criança ou, ainda, a outros interesses particulares.

O Transtorno de Humor Bipolar em crianças é outro exemplo de doença psiquiátrica que exige seriedade no encaminhamento, pois, nessa faixa etária, a sua sintomatologia pode se apresentar de forma atípica.

Assim, ao invés da euforia seguida da depressão dos adultos, nas crianças surge a agressividade gratuita seguida de períodos de depressão. Nestas, o curso do Transtorno é também mais crônico do que episódico e sintomas mistos com depressão seguida de “tempestades afetivas”, são comuns. Além disso, a mudança é rápida e pode acontecer várias vezes dentro de um mesmo dia, como por exemplo: alterações bruscas de humor (de muito contente a muito irritado ou agressivo); notável troca dos seus padrões usuais de sono ou apetite; excesso de energia seguida de grande fadiga e falta de concentração. Esses são alguns sintomas que devem ser observados.

Os diagnósticos de transtornos da saúde mental são difíceis mesmo para os especialistas, pois é alta a prevalência de comorbidades, ou seja, o aparecimento de dois transtornos simultaneamente, o que exige conhecimento, experiência e observação minuciosa do médico e da equipe envolvida, como psicólogos e psicopedagogos.

É importante salientar ainda que estes transtornos afetam seriamente o desenvolvimento e o crescimento emocional dos pacientes, sendo associados a dificuldades escolares, comportamento de alto risco (como promiscuidade sexual e abuso de substâncias), dificuldades nas relações interpessoais, tentativas de suicídio, problemas legais, múltiplas hospitalizações, etc.

Os diagnósticos devem sempre ser realizados por médicos psiquiatras ou neurologistas em conjunto com psicopedagogos, que ao diagnosticarem e acompanharem a criança, se preocupam em dar também orientações à família e à escola.

Minimizar esses transtornos só piora suas conseqüências e prejudica o paciente. Somente especialistas podem afastar e esclarecer as dúvidas e não é exagero ser cuidadoso quando se trata da vida, saúde e futuro dos nossos filhos!
Maria Irene Maluf

http://guiadobebe.uol.com.br/transtorno-bipolar-na-infancia/

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

DPAC–Distúrbio do Processamento Auditivo Central

 

Distraído pelo barulho

Desatenção e notas baixas na escola não são sinônimo de falta de inteligência. Às vezes o problema está na incapacidade de lidar com barulho, mas poucos médicos sabem disso.

por Fábio Peixoto

Por mais que estudasse, a paulista Glaudys Garcia não tirava notas maiores que 4. A mãe e os professores se esforçavam para lhe ensinar coisas simples, mas ela não prestava atenção em nada. Era insegura, distraída, tinha medo de falar ao telefone e não se concentrava nos livros. Acabou se isolando dos colegas. Depois de passar por vários médicos e psicólogos, sua mãe tentou um último recurso: levou-a a uma fonoaudióloga. Em três meses Glaudys estava curada. Hoje ela tem 13 anos e no seu último boletim não há nenhuma nota menor do que 6.

Pode parecer estranho, mas o problema era de audição. A menina, assim como outras centenas de milhares de crianças, sofria de desordem do processamento auditivo central, ou DPAC, um distúrbio reconhecido há apenas quatro anos que raramente é diagnosticado pelos médicos, mas pode estar afetando milhões de brasileiros. Em geral, a disfunção surge da falta de estímulos sonoros durante a infância. As estruturas do cérebro que interpretam e hierarquizam os sons se desenvolvem nos treze primeiros anos. Até essa idade, as notas musicais, as palavras e os barulhos vão lentamente nos ensinando a lidar com a audição. Justamente nessa fase, Glaudys pode ter tido problemas no ouvido que atrapalharam a entrada de sons. Acabou formando mal o seu sistema auditivo. Todos os inconvenientes pelos quais passou eram conseqüência disso.

Um dos principais sintomas da DPAC é a dificuldade em manter a concentração num ambiente ruidoso. “Quem sofre desse mal não consegue prestar atenção em uma coisa só”, diz a neurologista Denise Menezes, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Na sala de aula, não separa o que a professora diz do latido de um cachorro do lado de fora”, acrescenta.

A DPAC é comum nas grandes cidades, onde o barulho excessivo prejudica a percepção de estímulos sonoros e a poluição provoca alergias que bloqueiam a orelha com muco. Crianças que têm inflamações freqüentes nos ouvidos também podem sofrer da desordem. O pior é que, por ser pouco conhecida, a DPAC costuma ser confundida com falta de inteligência ou com alguma deficiência mental. Mas, como mostra o caso de Glaudys, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

O mundo é barulhento demais

Para uma vítima de DPAC, o mundo se transforma numa interminável confusão de barulhos desconexos e embaralhados de onde é quase impossível pescar os sons que realmente interessam (veja infográfico). O ar-condicionado vira um zunido infernal que se sobrepõe às vozes dos outros. O telefone torna-se uma máquina indecifrável, porque o cérebro não consegue decodificar a fala do interlocutor em meio à distorção normal de qualquer ligação. Também não é fácil entender a entonação das frases. Uma pergunta pode soar como uma afirmação e uma ironia acaba parecendo a frase mais séria do mundo. Os amigos acabam se afastando, já que ninguém gosta de conversar com alguém que não entende o que os outros dizem.

A fala também é prejudicada. “Os processos de linguagem se desenvolvem ao mesmo tempo que os de audição”, explica a fonoaudióloga Liliane Desgualdo, da Universidade Federal de São Paulo, pioneira no diagnóstico da DPAC no Brasil. “Uma criança pode não aprender a falar bem se não souber lidar com os sons.” A leitura acaba igualmente afetada. “Mesmo num lugar silencioso, uma pessoa com DPAC encontra problemas em entender um texto porque, para tanto, é necessário associar as palavras ao som que elas têm”, conta a psicopedagoga Ana Silvia Figueiral, de São Paulo. Todo esse esforço para realizar atividades corriqueiras é demais para o cérebro. Chega uma hora que ele não resiste e “desliga”. Por isso, as vítimas do problema são sempre muito distraídas.

Enfim, tudo se torna uma tarefa dura. O ouvido até percebe os sons, mas o cérebro, iludido pela falta de estímulos na infância, não sabe o que fazer com eles. Os médicos geralmente não percebem a disfunção porque ninguém desconfia que sintomas tão variados possam estar todos ligados à audição, menos ainda quando constatam em exames que o ouvido funciona normalmente. E, se o diagnóstico não é feito, não há como curar (veja quadro à direita).

Reaprendendo a escutar

A DPAC só foi reconhecida nos Estados Unidos em 1996, quando a Associação Americana de Fala, Linguagem e Audição chegou a um consenso sobre seus sintomas e suas formas de tratamento. Ainda se sabe pouco sobre as causas – a falta de estímulos sonoros está entre elas, mas suspeita-se também de razões genéticas e de má alimentação. “Uma coisa é certa: a desordem está relacionada à classe social”, afirma Liliane. Ela fez uma pesquisa em colégios de São Paulo e constatou que, nas escolas particulares, entre 15% e 20% das crianças têm DPAC em algum grau. Nas escolas públicas, onde há uma proporção bem maior de alunos pobres, o índice chega a alarmantes 70%. A razão disso é que crianças mais pobres geralmente ouvem menos música, têm mais inflamações no ouvido, menos acompanhamento de pediatras e psicólogos e se alimentam pior, o que também pode prejudicar a formação do sistema auditivo. Infelizmente, a imensa maioria delas carrega esse estorvo para a idade adulta sem ao menos desconfiar que a cura pode estar ao alcance da mão.

Para Saber Mais

Processamento Auditivo Central – Manual de Avaliação, Liliane Desgualdo Pereira e Eliane Schochat, Editora Lovise, São Paulo, 1997.

http://super.abril.com.br/cotidiano/distraido-pelo-barulho-441352.shtml

Se desejar obter mais informações sobre a Psicopedagogia acesse meu site http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/