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domingo, 3 de junho de 2012

Resenha: O primeiro da Classe (Transtorno de Tourette)

Por: Simaia Sampaio

Psicopedagoga clínica e Neuropsicóloga

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Certamente, todos nós, já nos deparamos com alguém que apresenta algum tipo de tique, vulgarmente conhecido como tique nervoso. Mas é do conhecimento de poucos que pode tratar-se de uma doença neurológica conhecida como o Transtorno de Tourette, e não apenas uma manifestação de ordem emocional como pensavam os psicanalistas até meados do século XX, período em que foram feitos estudos com o medicamento haloperidol que conseguia atenuar os tiques, deixando claro que o problema seria de ordem neurológica.

Se os adultos sofrem com a síndrome, as crianças sofrem ainda mais principalmente no âmbito escolar onde são criticadas por colegas, mas não raramente também são criticados pelos membros da sua família.

Esta experiência foi vivenciada por Brad Cohen, portador da Síndrome de Tourette, ou SGT ou ainda ST, como é conhecida. Brad, após anos sofrendo de um “mal” desconhecido, e evoluindo para um final feliz com a sua “amiga” como ele chamava sua síndrome, resolveu contar sua história no filme O primeiro da Classe, um filme emocionante, um exemplo de superação e que vale a pena ser visto.

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Jimmy Wolk (à esquerda ator que interpretou Brad) e Brad Cohen à direita

O filme, inspirado em fatos reais, gira em torno da vida de Brad Cohen e de sua doença, que lhe trouxe uma série de complicações na sua vida escolar, período em que sofreu humilhações pelos colegas e professores, devido aos seus tiques motores, próprios do Transtorno de Tourette. O transtorno pode se manifestar em qualquer parte do corpo (pernas, barriga, braços, etc), mas em Brad ela se concentrava na região da cabeça e rosto cuja manifestação da doença é mais comum, caracterizada por movimentos bruscos, repetidos e tiques vocálicos. Em sala de aula ele não conseguia se controlar, pois os movimentos da síndrome são involuntários e era obrigado, pela professora, a se desculpar diante da turma e prometer que não repetiria os altos sons vocálicos que tanto incomodavam a professora e fazia as outras crianças rirem dele. Foi encaminhado ao serviço de psicologia, sem sucesso, pois o terapeuta não conhecia a doença e atribuia seus tiques a questões emocionais.

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Em casa, Brad também era pouco compreendido por seu pai, que sentia-se envergonhado com seus sons repetidos, e chegava a agredi-lo verbalmente o que afetava ainda mais sua auto-estima.

Mas Brad teve um anjo em sua vida, sua mãe, que, inconformada com a falta de resposta para estas manifestações, resolveu realizar uma busca nos livros da biblioteca até que encontrou a explicação para o problema de seu filho: Transtorno de Tourette. Tudo se encaixava! Finalmente ela havia encontrado a resposta para suas dúvidas e surgiu uma ponta de esperança na tentativa de ajudar Brad antes que ele fosse massacrado por uma sociedade que não repeitava as diferenças.

O que esta descoberta modificou em sua vida? Tudo! A partir daí ele tomou conhecimento que se tratava de um distúrbio neurológico, que ele não fazia propositalmente, como julgava seu pai, e que ele poderia se defender dizendo às pessoas porque fazia aqueles sons “engraçados” como ele dizia. Foi assim que, diante de mais uma humilhação em sala de aula, o diretor da escola, sensibilizado com sua situação, resolveu pedir que Brad declasse em público num grande auditório, porque fazia aqueles sons e qual era o nome do seu problema. A partir daí ele passou a ser melhor entendido e sua vida escolar ficou mais fácil.

Mas seus problemas ainda não haviam acabado, até porque o Transtorno de Tourette não desaparece. Brad teria agora que enfrentar uma nova etapa de sua vida para conseguir alcançar o sonho de ser professor e para tanto precisava entrar numa universidade. Felizmente, ele já tinha diagnóstico, e foi apoiado por lei para realizar a prova em local isolado, de maneira a não atrapalhar seus colegas e ele não se sentir constrangido.

Ao concluir sua faculdade Brad precisaria enfrentar mais um e importante desafio que seria determinante em sua vida: conseguir um emprego como professor. Seu desejo era poder fazer uma educação diferente daquele que havia recebido, pois havia sido muito mal compreendido por seus professores.

Apesar de seu histórico escolar invejável, com notas excelentes, foi rejeitado por muitas instituições, que ao recebê-lo para a entrevista de trabalhao, estranhavam seus tiques e não achavam que ele se adequaria ao cargo de professor. Mas sua persistência e força de vontade não o fez desistir fácil, até que conseguiu a oportunidade de lecionar na escola Mountain View Elementary School, em Cobb Country, Georgia, com alunos de pré-escola.

Brad fez a diferença naquela escola, recebeu o Primeiro Prêmio Professor do Ano da Georgia, realizando uma pedagogia diferente, respeitando as diferenças, ajudando inclusive crianças que necessitavam de atenção especial. Ele bem sabia pelo que estas crianças passavam.

Antes do filme Brad havia lançado um livro O Líder da classe: como a Sindrome de Tourette me fez ser o professor que nunca tive, publicado em 2005, ganhador do prêmio Melhor livro educativo do ano. A partir daí Brad passou a aparecer em shows, dando entrevistas em programas como Oprah, motivando aos portadores a nunca desistirem de seus sonhos, fundando, inclusive, a Fundação Brad Cohen, uma organização sem fins lucrativos que ajuda a arrecadar fundos para grupos que mantém programas que cuidam de crianças com a síndrome.

O livro virou filme que tem emocionado milhões de pessoas e é um exemplo de superação inclusive para as pessoas que não possuem a síndrome, pois se beneficiam da mensagem de nunca desistirem diante das dificuldades.

Simaia Sampaio

Um comentário:

  1. Parabéns pelo poder de descrição detalhista e de análise do filme. Eu adorei os aspectos citados por você neste filme tão benéfico ao aperfeiçoamente de todo ser humano. Obrigada pela contribuição!

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